A cuiabana Hanan Hallak, de 18 anos, vive com a irmã, que também nasceu em Cuiabá, e a mãe em um vilarejo chamado Karoum, no Vale do Bekaa, no Líbano. Desde setembro, o país é alvo de bombardeios feitos por Israel, que já deixaram mais de 2 mil pessoas mortas, entre elas dois adolescentes brasileiros que morreram após ataques aéreos. Mais de 1,2 milhão já foram obrigados a deixar suas casas, mas Hanan e a família resistem.
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Ao Olhar Conceito, a cuiabana explica que a decisão de continuar em Karoum não foi difícil, apesar de todos os dias ela e a família ouvirem sons de explosões em cidades próximas, as três decidiram permanecer em casa. Os pais de Hanan nasceram no Líbano e antes dela se mudar, as visitas ao Brasil ocorriam em todas as férias escolares.
"Essa escolha foi pura confiança em Deus e porque sabemos detalhes do conflito, não achamos que existem alvos na nossa cidade. Todos os dias ouvimos sons de explosões e bombardeios, as vezes vemos a fumaça e sentimos a pressão, é assustador, mas a gente confia que os bombardeios não vão chegar a nossa cidade e por isso que não pensamos em voltar para o Brasil atualmente".
Depois da pandemia da covid-19, a situação se inverteu, fazendo com que Hanan, a irmã e a mãe se mudassem de vez para o Líbano. "Meu pai, que ficava no Brasil, começi a nos visitar aqui", explica a cuiabana, que vive momentos de tensão com a família.
Cuiabana vive com a irmãe e a mãe em um vilarejo no Líbano, mas até o momento, elas decidiram não evacuar. (Foto: Arquivo pessoal)
Hanan conta que os barulhos de bombardeios são frequentes e sem hora certa para acontecer, tornando tudo ainda mais "assustador". "O coração chega a doer", resume a cuiabana. Qualquer barulho que a família escuta faz com que elas saiam de casa para procurar onde o míssil caiu.
A cidade mais próxima do Vale do Bekaa a ser bombardeada está a apenas 8km de distância da casa em que Hanan vive com a mãe e a irmã.
"As vezes o barulho é só de uma porta fechando, as vezes nem são mísseis ou explosões, a força aérea quebra a barreira de som, o que faz um som semelhante ao som de explosões mas porque já temos experiência, conseguimos diferenciar os sons de mísseis e estrondos sônicos".
Os ataques de Israel miram alvos do grupo Hezbollah, que surgiu inicialmente como uma resposta a invasão de Israel no Líbano em 1982. O grupo é aliado do Irã e do Hamas, sendo considerado terrorista por Israel e pelos Estados Unidos.
Em 17 de setembro, uma explosão de pagers usados por membros do grupo extremista mataram nove pessoas e deixaram outras 2.750 feriadas. Até outubro, a informação era de que pelo menos 127 crianças libanesas haviam morrido nos ataques coordenados por Israel.
Em 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.