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Terça-feira, 08 de outubro de 2024

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'tuiteira profissional'

Com quase 400 mil seguidores, Twitter era fonte de renda para cuiabana: 'chorei tudo que tinha para chorar'

Foto: Reprodução

Com quase 400 mil seguidores, Twitter era fonte de renda para cuiabana: 'chorei tudo que tinha para chorar'
Há dez anos no Twitter, a influenciadora cuiabana Milena (@wwwmlna), de 26 anos, sempre usou a rede social como uma espécie de diário virtual e para conhecer pessoas novas. Ao longo de uma década, ela acumulou quase 400 mil seguidores compartilhando detalhes da sua vida pessoal e rotina de forma bem humorada. O que começou de forma despretensiosa, se tornou trabalho para Milena, que fechou contratos de publicidade com grandes empresas como Magalu, Coca Cola e McDonald's. 


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O Twitter passou a se chamar "X" depois de ser comprado pelo bilionário Elon Musk, apesar da resistência de grande parte dos saudosos usuários, que depois de tantos anos na plataforma, continuaram a chamá-la pelo nome antigo. No sábado (31), a rede social amanheceu fora do ar no brasil após uma ordem judicial dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

A queda do Twitter em território nacional é mais um caítulo na queda de braço entre o ministro Alexandre de Moraes e Elon Musk, que comprou a rede social em 2022 em um processo conturbado de aquisição no valor de 44 bilhões de dólares.

Assim que se tornou dono do Twitter, o bilionário demitiu a equipe da plataforma no Brasil e, na quinta-feira (29), Moraes determinou que Musk apontasse um representante legal da rede social no país, ordem que não foi acatada e culminou no bloqueio. Milena conta que, desde que começou a acompanhar o processo de compra o fechamento do escritório brasileiro no Twitter, já sentia que o pior estava por vir. 

"Já estava me preparando para essa queda faz um tempo, desde que o Elon Musk comprou o Twitter, na verdade, todo mundo que trabalha com a rede, que usa o Twitter como fonte de renda, ficou em alerta, porque colocou os anunciantes em uma situação de que eles não tinha mais confiança para anunciar lá", lembra. 

"Quando o Elon Musk comprou o Twitter, ele demitiu toda a equipe do Twitter Brasil, toda a assistência que os anunciantes tinha ficou muito escassa, até que chegou esse ponto agora de que o Twitter caiu, mas foi todo um processo desde que ele comprou até efetivamente cair", continua. 


Apesar da rede social representar uma fonte de renda e um espaço de descontração, Milena não discorda da decisão do STF. Para ela, a plataforma precisa seguir as leis do país que está operando. O embate entre a Corte e o bilionário da Tesla se arrastou durante os últimos dois anos, mas engrossou nas útimas semanas. 

Musk se diz adepto a "liberdade de expressão absoluta" se negou a acatar diversas ordens judiciais ordenando que a plataforma removesse conteúdos considerados como falsos. Neste mês, o STF determinou a remoção de sete perfis bolsonaristas, entre eles o do senador Marcos do Val (Podemos-ES), decisão que foi descumprida pelo dono da rede social.

O bilionário, então, começou a publicar ataques contra o ministro do STF. “Liberdade de expressão é a base da democracia e um pseudo-juiz não-eleito no Brasil está tentando destruí-la por motivos políticos”, escreveu após a decisão de suspender o Twitter. Para voltar a operar em território nacional, o STF ordenou que Musk quite uma multa diária, aponte um representante legal da empresa no Brasil e cumpra a remoção dos conteúdos falsos. 

"Como alguém se recusa a colaborar numa investigação de algo tão pesado? É necessário impor limites, o Elon Musk acha que é dono do mundo só pq é bilionário mas existem leis que precisam ser seguidas ele querendo ou não", questionou a cuiabana. 

Por conta da queda, os usuários do Twitter começaram a migrar para outras redes sociais semelhantes, como o Threads, no Instagram, e o BlueSky, que já recebeu mais de 1 milhão de brasileiros desde a decisão do STF. Milena fez o mesmo, mas lamenta não conseguir ter o mesmo apego afetivo por outra plataforma. O Twitter também era um espaço de informação para ela que, agora, se sente a parte do mundo.

"Não chega nem perto da comunidade que construí ao longo desses anos de Twitter, mas já ajudaria a tampar um buraco. Meio que usava o Twitter não só para postar coisas, mas também para me informar, acompanhar o que está acontecendo, programas de TV, notícias e tal. Agora faz uns dias que não sei mais de nada, não tenho mais notícias do mundo lá fora". 

Tuíteira profissional 

Apesar de ter sofrido por antecipação quando Musk comprou o Twitter e o transformou em X com uma série de mudanças na plataforma, Milena conta que se emocionou com a suspensão e chegou a chorar. Durante os dez anos de uso, a influenciadora narrou detalhes da vida e sente que parte de sua jornada ficou na rede social. 

"É meio patético falar isso, mas eu chorei, dei uma choradinha, porque construí minha carreira na internet lá, então por mais que já tenha me estabelecido, que agora já trabalhe com outras coisas, trabalho fora do Twitter também, não dependo exclusivamente de lá. Minha história ainda está toda lá, fui narrando toda minha vida lá, agora isso se perdeu e dá uma dorzinha no coração, mas é isso, é a vida". 

Milena tem esperança de que a plataforma volte a funcionar no Brasil, no entando ainda não decidiu se voltará a usar o X. "Vai depender do quanto de público vou conseguir puxar pras outras redes [Threads e Bluesky]. Se eu sentir que consegui formar uma comunidade ok nessas outras redes talvez eu nem volte, mas não garanto nada, porque sei que é um vício. Era a primeira coisa q eu fazia quando acordava e a última coisa q eu fazia antes de dormir faz 10 anos, então é um hábito difícil de se quebrar". 

A tuíteira profissional explica que, além de compartilhar a rotina de forma descontraída aos quase 400 mil seguidores, também costumava comentar notícias durante o dia. Em média, Milena passava até três horas por dia no X. 
 

"No começo usava mais como diário, mas acabou virando algo para me informar também e saber o que está acontecendo no mundo, também para comentar o que está acontecendo no mundo, porque nem sempre a nossa rotina tem coisas interessantes para gente falar. Então, um dos jeitos da gente que é tuiteiro, que trabalha com isso, ter sempre algo a dizer é ir acompanhando o que está rolando no planeta, na TV". 

Assim que passou a usar o Threads e o Bluesky, Milena passou a receber de volta os seguidores que a acompanhavam no X. "Consegui montar essa rede e é algo que vou levar comigo para sempre, são pessoas que estão migrando comigo para outras redes sociais. Não sinto nem que fiquei sozinha, acho que já deu a hora mesmo do Twitter, vamos para outra rede. Não dá para ficar lá chorando em cima do cadáver dele". 

Mesmo com um fim triste, que ainda não se sabe ser temporário, a influenciadora cuiabana se sente grata ao Twitter. Por conta da rede social e o contato com novas pessoas, por exemplo, ela notou influência no tratamento da depressão. 

"Via as pessoas falando lá sobre algumas coisas que eu achava que eram normais, mas vi que não era normal me sentir assim e decidi procurar tratamento. Por mais que seja uma das redes sociais mais tóxica, dependendo de como você usa, você consegue formar uma rede de apoio e um círculo de amigos muito grande. Foi muito legal, foi uma experiência muito marcando e muito importante para mim". 
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