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Terça-feira, 10 de dezembro de 2024

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Maria Taquara 'baixou' em casa espírita e de umbanda para agradecer homenagens: 'virei entidade'

Foto: Reprodução

Maria Taquara 'baixou' em casa espírita e de umbanda para agradecer homenagens: 'virei entidade'
A lavadeira e empregada doméstica Maria da Glória Cunha, que ficou conhecida como "Maria Taquara", se tornou uma das personagens mais emblemáticas da cultura cuiabana, sendo objeto de pesquisas que buscam descobrir o passado da mulher que era negra, magra e ficou marcada por desafiar as normas da época, na década de 40, por usar calças compridas. 


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O livro "História do Parlamento Cuiabano", produzido pela Câmara Municipal de Cuiabá, guarda o registro de quando Maria Taquara, em espírito, incorporou nos membros de uma casa espírita e outra de umbanda. Nas comunicações, ela agradeceu as homenagens, mas ressaltou que não gosta de ser referência de "bordéis e zonas de meretrício". 

"Vocês também viram o meu cabelo. Sou preta, feia, beiçuda, mulher de guerra. Lavando e passando. Virei entidade e estou ajudando irmãos espíritas. Não sou bonita por fora, mas a beleza é por dentro. Esta cidade me representa muita luta, muita garra, me homenagearam com bares e bordéis, não estou satisfeita, mas estou trabalhando, ajudando as mulheres em seus lares, lavando mas não roupa, lavando os seus lares que tem impurezas que os olhos não veem", diz trecho da primeira comunicação de Maria Taquara no centro espírita. 

Na ocasião, os membros da casa não sabiam que se tratava da lavadeira que viveu em Cuiabá, algo que só foi confirmado em outra manifestação, dessa vez por psicografia. "Oi, meus irmãos, eu estou aqui hoje. Eu já estive aqui, mas não dei meu nome. O meu nome é Maria Taquara. Eu queria trabalhar. Eu trabalho lá no outro centro. No Dom Aquino, mas lá é diferente. Lá tem dança e comida para gente comer. Eu trabalho junto com meus irmãos umbandistas. Mas eu também estou aqui ajudando vocês. O trabalho de vocês é muito bonito, continuem assim ajudando a muitas pessoas. Eu já vou partindo". 

Maria Taquara marcou Cuiabá 

Parte dos cuiabanos acreditam que Maria Taquara foi prostituta, algo que não condiz com as pesquisas sobre a vida da mulher que trabalhava como lavadeira e doméstica. O rancho da nordestina ficava no terreno em que foi construído o Shopping Goiabeiras e muitos a viam passar pelas ruas da cidade na década de 40. 

Maria Taquara ganhou uma estátua em sua homenagem, esculpida em bronze pelo artista plástico Haroldo Tenuta e colocada na praça que leva seu nome no Centro de Cuiabá. Em um artigo sobre os 300 anos de Cuiabá, em 2019, o escritor e membro da Academia Mato-grossense de Letras, João Batista de Almeida, conta que, na infância, ele e a irmã costumavam ver as idas e vindas de Maria Taquara pela avenida Getúlio Vargas. 

"Pela manhã, vindo de sua moradia (um casebre feito de folhas-de-flandres e pedaços de tábuas, localizado num matagal no bairro Lavapés, nas proximidades de onde está hoje o Shopping Goiabeiras), levando sobre a cabeça uma enorme trouxa, em direção ao centro da cidade e, no final da tarde, ei-la de volta em sentido inverso ao da manhã. O que tinha feito e por onde andou durante o dia, só Deus sabe".
 
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