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Sábado, 14 de dezembro de 2024

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Grupo lamenta queima de 80% de figueira no Largo do Rosário considerada como 'portal': 'era nosso baobá'

Foto: Reprodução

Grupo lamenta queima de 80% de figueira no Largo do Rosário considerada como 'portal': 'era nosso baobá'
O coordenador do Museu de Imagem e Som de Cuiabá (Misc) e responsável pela Rota da Ancestralidade, Cristovão Luiz, lamentou a queima de 80% de uma figueira no Largo do Rosário, no Centro Histórico de Cuiabá. O caso aconteceu nessa quarta-feira (21), quando Cristovão lembra que foram acordados com as sirenos do Corpo de Bombeiros, que foram acionados para apagar o incêndio. 


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Para a Rota da Ancestralidade, que mapeia os pontos do Centro Histórico para resgatar a história dos povos negros e africados em Cuiabá, a figueira era considera como uma árvore sagrada, uma espécie de "portal sagrado". 

"Tanto na Lavagem da escadaria do Rosário, quanto na Rota da Ancestralidade, falamos que é nosso baobá. Como a gente não tem o baobá [em Cuiabá], a gente ficava relembrando os nossos ancestrais debaixo daquela figueira, que é fonte de energia e de sombra. A gente fica triste como se fosse uma extensão do nosso corpo, da nossa alma". 

O Largo do Rosário é um dos sete pontos do cortejo realizado a cada dois meses pela Rota da Ancestralidade. No local, os participantes são convidados a parar embaixo da figueira. Cristovão também ressaltou a questão climática, que tem provado ondar de calor e fumaça em Cuiabá. 

O grupo não tem informações sobre a causa do incêndio, que teria acontecido nas primeiras horas da manhã. O baobá é uma árvore tradicional de países como Madagascar e Senegal, sendo considerada sagrada para religiões de matriz africana, como o candomblé. Apesar de não ser tradicional do Brasil, ela teria chegado ao país através de africanos sequestrados durante a invasão portuguesa que aconteceu no período colonial.

"A árvore traz consigo essa força da natureza, então é como um ancestral que agoniza ali, pegando fogo e isso é uma extensão de você. A gente sente, porque as árvores, o sangue verde, nós conecta com nossos ancestrais. Quando uma árvore como a figueira se vai, daquela forma, isso é muito triste. A história é história, como as outras árvores que estão indo, mas essa estava bem cravada no Centro. Com a questão climática, você vendo tanto desiquilíbrio debaixo do seu nariz e não poder fazer nada". 
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