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Terça-feira, 08 de outubro de 2024

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Autodidata, mato-grossense faz sucesso com pães de fermentação natural vendidos da cafeteria da mãe

Foto: Reprodução

Autodidata, mato-grossense faz sucesso com pães de fermentação natural vendidos da cafeteria da mãe
O interesse por pães de fermentação natural surgiu de forma despretensiosa na vida de Ramon Emanuel Voznack, de 35 anos, enquanto ele pesquisava por conteúdos de cafeterias nas redes sociais. Ramon se interessou pela técnica de panificação e, após não encontrar nenhum produto do tipo para comprar em Sinop (a 513 km de Cuiabá), decidiu se dedicar à fabricação artesanal que faz na casa da mãe. 


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Atualmente os pães tipo sourdough, ciabatta, baguete ou as versões 100% integral, semi integral, multigrãos e azeitona, que são feitos pelo mato-grossense podem ser encontradas na cafeteria Horebe, a primeira especializada em fermentação natural, toasts e brunchs de Sinop. 

“Eu tinha uma franquia de cafeteria aqui em Sinop e sempre gostei de olhar um perfil de cafeterias no Instagram, via que algumas serviam pão de fermentação natural, toasts e lanches. Comecei a pensar que deveria ser legal, porque estava todo mundo servindo e fui procurar um lugar aqui em Sinop onde eu poderia experimentar, mas só que não achava. Fiquei pensando: mas, gente, será que ninguém aqui faz?”, lembra Ramon. 

Ele conta que chegou a perguntar sobre pães de fermentação natural em uma padaria de Sinop, mas ouviu que a cidade não tinha público para o produto. “Eles disseram que não tinham interesse em fazer, porque era um pão que tinha um gosto ‘meio azedo’ e as pessoas de Sinop não iriam gostar”. 

Ramon, então, decidiu mergulhar nos conteúdos sobre fermentação natural que encontrou gratuitamente em redes sociais como Youtube e Instagram. Foi assim que ele descobriu sobre a existência do levain e os benefícios da técnica. A princípio, ele pretendia produzir os pães apenas para consumo próprio. 
 

“Fui estudando, fui testando, consegui criar o levain. A primeira receita não deu certo, mas não desisti, continuei fazendo, porque já tinha caminhado bastante e decidi não desistir, até que eu acertei um pão. Fui melhorando esse pão, fazendo um, depois outro… Minha esposa viu e disse: amor, por que você não vende na minha lojinha?”. 

Ele conta que, assim que colocou os pães para vender na loja da esposa, foi surpreendido com a aceitação do público. Na época, a mãe se preparava para abrir a cafeteria Horebe e também deu a ideia de que Ramon disponibilizasse os pães no local, além de usá-los para preparar os lanches e toasts que seriam servidos aos clientes. 

“Graças a Deus deu certo, isso já tem dois anos. Desde que comecei do zero”, lembra. 

Autodidata 

Enquanto produzia os pães de fermentação natural, Ramon não deixou os estudos de lado. Ele comprou livros, alguns em inglês na tentativa de expandir ainda mais os conhecimentos sobre a técnica, e criou um perfil no Instagram para mostrar a rotina como padeiro. 

Não demorou para que os primeiros seguidores chegassem, fazendo com que o mato-grossense criasse uma rede de compartilhamento de informações e dicas sobre a fermentação natural. 

“Cada vez mais tenho atingido um maior público, não só de pessoas que querem comprar o pão para consumir em casa, como também para quem quer aprender um hobby novo, quer parar de comprar o pão no mercado e fazer em casa. Alguns começaram a falar que o pão era mais saudável, mais leve, porque a fermentação natural tem muitos benefícios, perguntam onde podem encontrar, outros já pedem dicas, porque estão começando a fazer pães”. 



Para o futuro, Ramon ainda pretende se dedicar a panificação francesa para produzir croissants, pain au chocolat e brioches, por exemplo. No entanto, ele explica que a técnica exige equipamentos caros e, atualmente, sua produção ainda é 100% artesanal. 

“Essa parte já existe um equipamento que é mais caro, ainda não tenho, hoje faço toda minha produção na mão, misturo a massa no braço, não tenho masseira ou batedeira. Então consigo fazer uma produção artesanal e limitada, por conta que é tudo manual mesmo. Mas futuramente, quando conseguir comprar um equipamento, vou conseguir fazer mais opções de pães”. 

Com a fermentação natural, o padeiro explica que aprendeu a manejar a ansiedade, já que a técnica exige que o tempo de cada processo, que são lentos, seja respeitado. “Para mim, que era ansioso, melhorou minha ansiedade, é um alimento muito abençoado por Deus e eu vejo várias pessoas procurando, se interessando em comprar ou aprender é o que me motiva hoje em dia. E saber que consigo, por ser um trabalho longo, intercalar os tempos para ter um tempo comigo, com minha família e para o meu filho que ainda vai nascer”. 
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