Olhar Conceito

Quinta-feira, 07 de novembro de 2024

Notícias | Artes visuais

no Centro Histórico

Após visitar mais de 30 países, fotógrafo abre estúdio com impressão fine art e galeria em casa antiga

Foto: Reprodução

Após visitar mais de 30 países, fotógrafo abre estúdio com impressão fine art e galeria em casa antiga
Há um mês, uma das casas antigas no entorno da Praça da Mandioca, no Centro de Cuiabá, se transformou em um espaço focado na arte da fotografia: o Studio Frammer. O local é a materialização do desejo do fotógrafo Marcus Mesquita, que depois de conhecer e fotografar em mais de 30 países, escolheu um ponto histórico da cuiabania para fixar raízes. 


Leia também 
Palhaçaria, globo da morte e contorcionismo: Circo Maximus estreia em Cuiabá nesta quarta

O Studio Frammer, além de ser um espaço para produção de ensaios ou fotos publicitárias, também funciona como galeria e é onde Marcus faz as impressões fine art, produzida com alta qualidade a partir de papéis especiais e impressora profissional, que foi acomodada em uma das salas do casarão. Ele explica que a ideia é que o espaço seja interativo, podendo abrigar exposições de artistas e eventos, que ele sonha em fazer na varanda do imóvel. 

“É um local para as artes visuais, é um local que você pode trabalhar cursos de fotografia ou artes, estúdio fotográfico, seja para sessões minhas ou para aluguel, tem uma mini biblioteca para as pessoas que têm interesse sobre livros de fotografia, temos a galeria, que pode servir tanto para as minhas obras, mas outros fotógrafos também podem utilizar esse espaço, e um laboratório de fotografia, que oferece especificamente a revelação fine art”. 

Marcus lembra que a escolha do local onde o estúdio seria instalado se deu por acaso, quando ele passou pela Praça da Mandioca e viu a casa disponível para aluguel. Na época, o fotógrafo que antes não tinha endereço fixo em Cuiabá por conta das viagens pelo mundo, começou a pensar em comprar a impressora fine art. 

“Olhava aquela casa e pensava: que casa interessante, parece um palco. É uma casa alta e sempre me chamava atenção, mas confesso que nunca pensei que um dia montaria algo ali, porque sempre estava viajando e não pensava em algo fixo. É um ponto cultural em Cuiabá, estou perto de galerias, de outros fotógrafos, de uma cafeteria super interessante. Fiz contato com a imobiliária, enviei a documentação e foi aprovada, hoje é o Studio Frammer”. 
 

Como o equipamento é grande e exigiu um investimento alto do fotógrafo, ele decidiu que era hora de abrir o Studio Frammer, onde poderia disponibilizar a impressão profissional para outros fotógrafos e artistas, além de ter um ponto fixo para expor as imagens que fez ao longo de 15 anos de carreira. 

“A princípio fiquei em dúvida sobre comprar, mas depois fiz um investimento tão alto nesse equipamento que pensei que ele não poderia ser só meu, que proporcionaria isso também para outras pessoas. Aqui tenho um estúdio de fotografia para quando precisar fazer um ensaio, como já fiz muito trabalho voltado à política, faço os trabalhos ali no espaço, e tenho a galeria para que as pessoas conheçam um pouquinho do meu mundo também, verem por onde passei e as imagens, para quem tiver interesse em comprar obra”. 

O espaço que abriga o Studio Frammer e o escritório da sócia Eliene Londero, que é especializada em fotografia de moda, recebeu o nome de Ateliê do Olhar. Marcus explica que o local não é apenas uma empresa que faz impressão fine art, mas sim uma área aberta aos interessados pela fotografia. 

“As pessoas podem ir para visitar, para ler, para fazer um  bate papo sobre fotografia e, eventualmente, tenho intenção de abrir o espaço para que as pessoas possam socializar, pode rolar um chopp, uma projeção fotográfica, o objetivo é fazer com que o espaço seja social, não somente para visitação ou compra”. 

Fotografia documental 

Quando fez as primeiras fotos, Marcus começou de forma autodidata e os cliques eram feitos apenas nas horas de folga do trabalho de bancário. Aos poucos, a fotografia foi tomando mais tempo nos dias e na cabeça do fotógrafo, que começou a ser chamado para trabalhos importantes e foi premiado. 

“Fui convidado também por alguns colegas que gostavam de fotografia para participar de concursos aqui e acabei ganhando alguns prêmios que eram importantes aqui na região, primeiro foi o Arne Sucksdorff de Fotografia em 2012, que era um prêmio bolsa de pesquisa, e o outro foi o prêmio Jovem Arte de Mato Grosso, em 2014”. 

Os prêmios foram de grande importância para que Marcus fortalecesse o sonho de se tornar fotógrafo, além de ter proporcionado um novo olhar. Antes, ele estava acostumado a fotografar eventos, mas ao concorrer no Arne Sucksdorff de Fotografia, encontrou espaço no documental. 

“Vsitei uma região quilombola, a Mata Cavalo, foi a primeira vez que estive nessa comunidade. Foram com essas fotos que ganhei o prêmio, que quem ganhasse recebia metade do valor, acho que R$ 3 mil, e você só recebia o restante se você voltasse onde tirou essas fotografias para apresentar o resultado final. Tive contato com comunidades quilombolas, vi como era fotografar as pessoas em seu cotidiano e entrou na minha vida a fotografia documental”. 

Marcus se especializou em fotografia documental, mas começou a fotografar por hobby quando era bancário. (Foto: Marcus Mesquita)

A partir disso, o fotógrafo, que ainda trabalhava em um banco, decidiu usar o dinheiro do prêmio para realizar o sonho de conhecer Machu Pichu, no Peru. Foram 27 dias fotografando nas montanhas e tendo contato com nativos, algo que mudou a mentalidade de Marcus. 

“Mudou porque cheguei com a cabeça completamente mudada, quase cinco anos de carreira de banco, tinha várias oportunidades de crescimento na empresa, mas disse para o meu chefe que não dava mais, que aquilo ali já bastava e que seria fotógrafo. Voltei para o Peru, passei dois anos morando lá, acabei conhecendo vários outros países, um deles foi a Rússia, entre idas e vindas passei quase seis anos lá, sendo quatro anos morando lá mesmo”. 

Mongólia, Finlândia, Marrocos e Egito estão na lista de mais de 30 países visitados pelo fotógrafo depois dele decidir pela mudança de carreira. “Como fotografo a minha trajetória tem tudo haver com a realização desse estúdio, porque como passei os últimos 12 anos viajando e percorrendo o mundo inteiro, eu não tinha um paradeiro, não tinha condições de fixar em um lugar específico e dizer: bom, aqui é minha casa, aqui vou montar meu estúdio, vou ter minha galeria”. 

Impressão fine art 

Marcus voltou para o Brasil em fevereiro de 2020. Pouco tempo depois, se viu isolado em casa por conta da pandemia da covid-19, algo que lhe rendeu mais uma mudança de perspectiva. Ele alugou uma casa, que decorou com alguns quadros das fotos feitas por ele. 

“Algumas pessoas começaram a pedir fotografias para serem impressas, acabou que vendi alguns quadros e fui convidado para um projeto muito bacana no Pantanal. Fiquei um ano e meio fotografando com o objetivo de fazer quadros sobre o Pantanal. O projeto se chama Pantanal Infinito”. 

Fotógrafo ganhou prêmio com imagens que retratam cotidiano da comunidade quilombola Mata Cavalo. (Foto: Marcos Mesquita)

As fotos tiradas para o projeto vão decorar os andares e corredores de um hotel que será inaugurado em Cuiabá, onde Marcus foi contratado como fotógrafo exclusivo. 

“Foi com esse olhar e essa mudança na minha vida, que pensei: bom, já as pessoas estão procurando, por que não abrir um espaço, ter a minha própria impressora e trazer uma tecnologia diferente como nos lugares que visitei na Europa e Ásia? Foi quando decidi bater o martelo e fazer a compra do equipamento de impressão fineart, que é impressão a nível de obra de arte, impressão museológica”. 

Ele explica que a técnica é baseada nas pinturas, ou seja, as impressões são feitas em papel e telas 100% algodão. As tintas usadas pela impressora são as mesmas que artistas usavam para pintar: de pigmento mineral. Outra característica do fine art é a durabilidade, podendo chegar a até 150 anos. 

“Diferente de outros tipos de materiais, como a grande maioria das impressoras de comunicação visual que usam substâncias mais químicas como solvente ou látex, o fine art traz esse prazo alongado de durabilidade. Obras de fine art duram até 150 anos. Imprimir fine art não é simplesmente revelar uma foto, é você olhar para aquela fotografia como obra de arte de verdade, não é simplesmente para colocar na parede. É para fazer com que a parede seja um museu dentro da sua casa. Galerias mundo afora, como na França, tem impressões em fine art”.

Para mais informações e agendamentos: (65) 98109-9333
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet