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Sábado, 27 de abril de 2024

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Após se mudar para o RJ com sonho de ser cantora, cuiabana lança clipe e single ‘Delito’

Foto: Reprodução

Após se mudar para o RJ com sonho de ser cantora, cuiabana lança clipe e single ‘Delito’
Filha de poconeano e alguém que escuta lambadão para matar a saudade de casa, é como a cantora P0cket, de 31 anos, se descreve quando fala sobre a identidade cuiabana que carrega no sangue. Mesmo longe de Cuiabá, ela não poupa esforços para apresentar a própria cultura para os amigos que fez no Rio de Janeiro (RJ), onde mora desde 2021. 

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P0cket se formou em psicologia pela UFMT, profissão que exerce no Rio de Janeiro, já que ainda não sobrevive da carreira como cantora. A mudança de estado surgiu quando ela vislumbrou uma possibilidade de se dedicar mais ao mundo da música. 

“Tinha um show para fazer aqui, porque tenho um feat com o pessoal de São Gonçalo, então tinha esse show para fazer através da Prefeitura. Me formei em 2018, estava assim sem saber o que fazer, decidi meter marcha na minha carreira e ver o que iria virar”. 

A cuiabana lançou o clipe do single “Delito” no início deste mês e se surpreendeu com a aceitação. Artista independente, é a própria P0cket que, muitas vezes, tira dinheiro do próprio bolso para investir na carreira de cantora. 

“Atuo na psicologia porque é minha fonte de renda, a música precisa de investimento, se você não tem um investidor, você vai ser seu próprio investidor. Então, preciso de alguma fonte de renda para fazer minha música acontecer”.  

Além do single, P0cket também trabalha na produção de um EP com quatro faixas, mas ela ressalta a dificuldade que um artista independente enfrenta para colocar um trabalho no mundo. “Cada vez mais que aprendo sobre indústria musical, vejo quanto dinheiro gira em torno disso”. 
 

As músicas que canta são compostas por ela, algo que carrega desde que organizava saraus e slams em Cuiabá. P0cket conta que “veio da poesia” e, quando entendeu que a música era uma poesia ritmada, decidiu começar a compor. “Sempre cantei cover, pensei: por que não fazer música?”. Foi há dois anos que uma oportunidade no Rio de Janeiro fez com que a cuiabana se dedicasse a crescer como cantora ainda mais. 

Animada, ela explica que foi uma das selecionadas do projeto Estude o Funk, uma residência artística na casa de cultura Fundição Progresso, com patrocínio da Beats e do Governo do Rio de Janeiro. 

“Era para pessoas que produzem funk, já flertava com funk, já tinha escrito músicas, mas nunca tinha lançado. Foi uma ótima oportunidade para mim, cresci muito a partir dali, fiz contato com artistas incríveis do Rio de Janeiro, tive trocas maravilhosas, gente que já teve música estourada, gente que já produziu beat e músicas para grandes artistas, então foi uma troca sensacional”. 

Através do projeto, P0cket lançou duas músicas e circulou fazendo apresentações pelo Rio de Janeiro. Os feedbacks que recebeu e as oportunidades de estar nos palcos reacenderam a paixão que ela sente pela música. 

“É diferente, quando você é apaixonada por alguma coisa… Quando subo no palco, sinto uma coisa inexplicável. Foi nesse momento que acreditei mais, de botar totalmente para frente e colocar minha energia nisso a partir daí”.

Nas últimas semanas, P0cket vive o êxtase de ver “Delito” alcançando ainda mais pessoas nas redes sociais e no Spotify, onde já está disponível. 

“A recepção das pessoas está sendo sensacional, tenho três músicas no meu canal do Spotify, um dia antes do lançamento estava com 1500 ouvintes mensais, isso é coisa para caramba para uma artista independente com três músicas lançadas, sem impulsionamento e tudo mais. Estou bem feliz, ainda estamos no processo de lançamento e sustentação da música, esperamos bater mais músicas.”. 

Orgulhosa das próprias raízes, ela conta que muitos amigos de Cuiabá também a fortaleceram na divulgação da música. “O feedback das pessoas, tive muito apoio dos meus amigos de Cuiabá, gente que eu não falava há maior tempão compartilhando minha música com orgulho e feliz por mim. O feedback está sendo  muito sensacional, até mais do que eu esperava”. 

Veja o clipe de P0cket:



Cuiabana de tchapa e cruz 

De família “misturada”, P0cket é filha de poconeano e capixaba. A avó, Maria Julieta Ferreira Lopes, foi uma das primeiras moradoras do bairro Goiabeiras, onde morou até falecer, aos 94 anos. Maria Julieta se mudou de Poconé para Cuiabá sozinha com oito filhos e se tornou uma figura tradicional. 

“Essa é minha história com Cuiabá, sou muito cuiabana, apesar da minha mãe ser uma mulher de fora, ela é capixaba, foi morar em Cuiabá já tinha seus 20 e poucos anos. Mas sempre fui criada pela família do meu pai, então minha cultura e minha raiz é muito cuiabana”. 

Em Cuiabá, P0cket começou a cantar quando ainda era criança em apresentações da escola. As participações se estenderam até a adolescência, apesar de, na época, ela ainda não considerar seguir a carreira profissionalmente. Neste aspecto, a mudança para o Rio de Janeiro foi essencial para que a cuiabana amadurecesse enquanto cantora. 

“Foi uma decisão que foi central para minha carreira, inclusive para compreensão de quem sou como artista também, porque no início ficava muito presa ao rap, que foi onde comecei, então ficava ali naquele quadrado pensando só em rimar, mas eu componho para cantar e me descobri como artista aqui, foi muito importante para mim”. 

P0cket se define como uma artista pop, já que flerta com vários gêneros musicais. Sua maior inspiração é a cantora Ludmilla, a quem define como “referência máxima” graças à versatilidade musical da artista. 
 

“Ela é minha referência máxima, assim como a Gloria Groove, porque são artistas muito versáteis, fazem rap, mas também cantam, escrevem pop, pagodão baiano, enfim, onde colocar, elas vão pintar. Sou mais ou menos dessa pegada”. 

No Rio de Janeiro, a cuiabana não perde a chance de apresentar a cultura de sua cidade natal aos amigos e não esconde o orgulho de ser filha de Cuiabá. 

“Trago o lambadão como referência, coloco para eles ouvirem, porque realmente sou cuiabana de tchapa e cruz, dentro da minha raiz está essa cultura, o rasqueado, a culinária, as reuniões nos quintais, as mangueiras. Tenho muito orgulho de ser cuiabana, levo isso para todo lugar, para todos os espaços, falo sobre a nossa cultura”. 

'Estou organizando com os meninos do rap para me ajudarem a abrir esse espaço, fazer contato com a galera e com os produtores de eventos, para quando eu for visitar minha família já aproveitar e fazer uns dois ou três shows aí, me apresentar para a galera'. 

Nas referências musicais, P0cket também tem como inspiração nomes cuiabanos como Pacha Ana e Sharamandaya. “Tem uma música dela chamada ‘Proteção de Oyá’, que escuto muito. A Pacha Ana também é uma pessoa que conheci há muitos anos, acompanhei esse processo de carreira. Sharamandaya é minha referência máxima em Cuiabá como MC, de como peitar batalha mesmo”. 

“Dos mais antigos é Chico Gil, Banda Styllus, lambadão mesmo, fui criada nessa base. Minha família ouvia e ainda ouve, assim como eu, se você procurar no meu Spotify tem uma playlist só de lambadão para quando dá saudade de casa”, continua.
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