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Segunda-feira, 07 de outubro de 2024

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acusada de ‘roubar vaga’

Aos 60 anos, feirante passa em Direito na UFMT e sofre preconceito: ‘desejavam que ela morresse’

Foto: Reprodução

Aos 60 anos, feirante passa em Direito na UFMT e sofre preconceito: ‘desejavam que ela morresse’
Cursar Direito sempre foi um dos sonhos da feirante Júlia Rodrigues de Paulo Barbosa, de 60 anos, e que não foi realizado por conta da necessidade de trabalhar. Julia concluiu o ensino médio pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), nos anos 2000, quando a filha Stephanie de Paulo Barbosa, de 24, ainda era criança. Por conta dos rumos da vida, o desejo de entrar em uma faculdade foi ficando de lado até que Stephanie decidiu incentivar e motivar a mãe. 


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No final de janeiro, Júlia recebeu a notícia de que foi aprovada em segundo lugar para cursar Direito no campus Araguaia da UFMT, em Barra do Garças (511 km de Cuiabá). A notícia foi compartilhada pela filha no X (antigo Twitter) e a feirante foi alvo de mensagens preconceituosas, além de ter sido acusada de estar “roubando a vaga” de pessoas mais novas. 

“Algumas [mensagens] desejavam que ela morresse, falavam que ela estava com o pé na cova, além de estar roubando vaga”, conta Stephanie ao Olhar Conceito. 

Na rede social, a jovem chegou a rebater alguns dos comentários que acusavam a mãe de ser “idosa” para cursar Direito. “Minha mãe passou a vida se dedicando para os outros. Criou 2 filhos, dois sobrinhos, cuida de um irmão pcd e se dedica até para as 4 cachorras que temos. Ela não queria fazer a prova, mas insisti pois é o sonho dela ser advogada, finalmente conseguiu realizar esse sonho”. 

Apesar das mensagens preconceituosas, Stephanie conta que a mãe não desanimou e “nem ligou para isso”. Júlia se preparou durante dois anos para fazer o Enem no ano passado, entre os cuidados diários com a casa, família e a rotina de trabalho. 

“Ela sempre quis estudar Direito, sempre foi o sonho dela. A preparação da prova foi correria, afinal ela tinha que limpar a casa etc, ajudei com materiais e também ajudando na casa. Quando saiu o resultado, vibramos muito, ela ficou bastante feliz e eu chorei por nós duas. Sobre o Hate, eu e meu irmão ficamos indignados, começamos a expor essas pessoas”. 

No momento, a feirante está em Barra do Garças, onde pretende construir uma casa e se mudar para estudar na UFMT. A casa em que a família mora em Brasília (DF) foi colocada à venda. 

“Para agilizar tudo seria melhor se conseguíssemos vender a nossa casa aqui em Brasília. Estamos divulgando mto pra vender a casa e realizar o sonho dela de morar e estudar na Barra do Garças”.
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