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Quinta-feira, 07 de novembro de 2024

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Devota fiel de São Benedito, cuiabana de 63 anos mantém tradição de 'dar café' ao santo

Foto: Bruna Barbosa/Olhar Direto

Devota fiel de São Benedito, cuiabana de 63 anos mantém tradição de 'dar café' ao santo
Há décadas, Juliana de Souza, de 63 anos, mantém a tradição de oferecer o primeiro café coado do dia para São Benedito. Na casa em que mora, no bairro Novo Terceiro, em Cuiabá, o santo fica em um lugar estratégico da cozinha para que ela não esqueça de cumprir o costume. 


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Todos os dias, quando faz o café para tomar pela manhã, ela despeja um pouco do líquido em uma cumbuca branco ao lado da imagem de São Benedito. A senhora simpática e de sorriso fácil se diz apaixonada pelo santo, que também estampa a camisa que ela usa quando abre o portão de casa. 

“Todos nós aqui em casa somos devotos de São Benedito, mas eu, pelo menos, não tinha aquela coisa profunda, fui me aprofundar na fé em São Benedito quando entrei na igreja, fui vendo as graças que não são só para mim, é para família inteira. Sou apaixonada por ele”.

Uma pesquisa produzida pelo doutor em História pela UFMT, Marcos Amaral Mendes, explica que o culto a São Benedito é um dos mais antigos e difundidos em Cuiabá, sendo o primeiro registro de devoção de 1722, quando uma capela foi construída por escravos africanos que trabalhavam em minas de ouro na “Rua do Sebo”. 



A primeira capela foi construída onde hoje é a Praça da Mandioca, no Centro Histórico de Cuiabá. São Benedito é um santo negro conhecido como padroeiro dos pobres e dos cozinheiros. 

Juliana lembra que a devoção cresceu quando ela começou a trabalhar na Igreja de São Benedito. A cuiabana “de tchapa e cruz”, como define a si mesma, sofria com vários problemas de saúde, desmaios repentinos e fortes dores de cabeça. Apesar do tratamento médico, os sintomas persistem.

É a São Benedito que ela agradece pela melhora de saúde, que hoje lhe permite cuidar da mãe, que tem mobilidade reduzida, e dos dois netos que correm pela casa. “Vivia só doente, não conseguia me recuperar. Eu ia trabalhar, quando chegava no meio da rua, passava mal, ia direto para o hospital, desmaiava, tinha crises, tive paralisia facial, mas graças a Deus hoje estou ótima, estou maravilhosa, curada e liberta”. 

Ela conta que conheceu uma pessoa que perguntou se ela tinha disponibilidade para ser uma das devotas que carregam a bandeira de São Benedito. Juliana aceitou e começou uma trajetória de devoção à igreja do santo que durou quase 30 anos. 

“Conheci o finado Baico, que me chamou na catedral para ir na bandeira de São Benedito, depois comecei a trabalhar na carraca. Depois disso pedi para São Benedito me mostrar o que ele queria, fui para a cozinha da igreja. Sempre falo que enquanto puder estou aqui, apesar de estar em casa agora, não perco minha fé e devoção por ele, não desanimo, sei que ele está presente a cada momento aqui”. 

Ela lembra que, certa vez, chegou a ser influenciada por um padre que afirmou que dar o café para o santo “não era certo”. Juliana até deixou o costume de lado por um tempo, mas explica que se sentiu “tocada no coração” para voltar. Desde então, continua mantendo a tradição viva em casa. 

“Coloco e no outro dia, quando vou ver, o café já não está mais onde deixei, porque eu marco. Se ele bebe não sei, mas que o café não fica cheio, não fica. Ele gosta de tomar um cafezinho”. 
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