Nascida na Bahia, onde morou e aprendeu a preparar pratos típicos como o acarajé, Luclecia Dias, de 40 anos, é responsável por preparar a bolinha de feijão fradinho, que é frita no dendê e acompanhada de vatapá e caruru, para os cuiabanos desde 2019. Atualmente, o restaurante Sete Mares, em que ela mescla a culinária baiana e a japonesa, funciona no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá.
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O acarajé vegano e os bolinhos servidos com caruru e vatapá em uma barca, que serve até duas pessoas com tranquilidade, são os principais destaques do cardápio. Assim como os temakis, yakisobas e combinados de sushis, que também fazem sucesso entre os clientes.
Luclecia conta que quando decidiu servir os acarajés na barca, que tradicionalmente é associada à comida japonesa, pensou em inovar para chamar atenção dos cuiabanos. "Fica bonitinho quando chega na mesa tudo na barca, as pessoas tiram fotos. Indico para duas pessoas".
Já a opção vegana foi uma demanda da clientela que mesmo sem consumir carne e derivados compartilhava com Luclecia a vontade de experimentar o acarajé preparado por ela no restaurante. "Não encontravam para comprar, faço sem glutén também, com farinha de mandioca. Hoje nosso forte é o acarajé, mas ainda sirvo a comida japonesa".
No cardápio, Luclecia ainda apostou na apresentação diferenciada dos acarajés, que podem ser servidos já montados, no prato ou na versão mini, que vai com três unidades e os acompanhamentos. O camarão seco usado nos bolinhos de feijão fradinho é preparado por ela mesma, que explica que apesar do processo ser trabalhoso, garante mais sabor.
"Fui vendo que o pessoal queria de tamanho menores para provar, então fiz um com três minis, mas é a mesma quantidade do tradicional. Vai com caruru, que é o quiabo, vatapá, que é o pirão com amendoim, castanhas, temperinhos, dende e leite de coco. Compro o camarão fresco e eu mesmo preparo, porque fica mais saboroso, tenho o trabalho de tirar a cabeça, que aproveito para fazer o pirãozinho".
Ela conta que já ouviu comentários negativos a respeito do preço do acarajé, que é vendido por R$ 30. No entanto, Luclecia afirma que preparar a receita baiana em Cuiabá é diferente de fazer o mesmo na Bahia, onde o bolinho é encontrado por até R$ 5.
"Pessoas de outros lugares já me ligaram para saber como consigo fazer acarajé aqui em Cuiabá. O dendê aumentou muito de preço, consigo comprar da Bahia, então muitas pessoas que faziam tiveram que parar, aqui até acha, mas a qualidade é inferior. Estou aqui há dois anos, mas o delivery funciona desde 2019".
'Acarajé é alquimia'
Atualmente, Luclecia é responsável por garantir o sabor e o ponto exato dos acarajés e sushis vendidos no resturante. Ela conta que a comida japonesa foi algo que aprendeu com o ex-marido, enquanto observava ele trabalhar, Luclecia conseguiu entender as principais técnicas de preparo.
Depois do divórcio, ela passou a cuidar do restaurante sozinha, contando com a ajuda do filho mais velho, que é professor de inglês. "Hoje sou eu sozinha, tenho o pessoal que me ajuda, mas o acarajé é uma alquimia, tem que dar o ponto no feijão, no vatapá, tem que ficar em cima. O sushi também não é simples, então tenho que ir dando conta, mas estou ensinando pelo menos a parte do feijão. É um processo muito demorado, quebrar o feijão seco, lavar o feijão, triturar".
Um dos sonhos de Luclecia é ter um cardápio de pratos com camarão, de risotos à paella, por exemplo. "Aqui em Cuiabá o pessoal reclama dos pratos de camarão, porque são caros. Tem um restaurante que é um dos meus favoritos em São Caetano (SP), tem o Festival do Camarão, você paga uma quantia e pode comer uma variedade de pratos. Mas para eles é mais fácil o acesso aos frutos do mar".