O veganismo é uma filosofia e estilo de vida que busca excluir as formas de exploração e crueldade contra os animais na alimentação, vestuário e outros meios, promovendo o desenvolvimento e uso de alternativas livres de origem animal para benefício da sociedade, animais e meio ambiente. Essa é uma pequena definição presente no livro “The Vegan Society”, que criou o termo ‘veganismo’, que a cada ano ganha mais adeptos no mundo. Uma estimativa do número da população saiu no ano de 2021, pela revista ‘The Vou’, apontando cerca de 80 milhões de veganos na Terra.
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Com o crescimento do movimento, surgem diversos negócios e empresas voltadas para o consumo mais consciente e livre de produtos derivados dos animais, principalmente no ramo da alimentação. Em Mato Grosso, terra do agronegócio e da carne no Brasil, ainda há muito a se conquistar no ‘terreno vegano’, no entanto, há diversos empreendedores que trabalham com o segmento.
Um dos exemplos de empresas veganas no estado é a Pran.ta, localizada em Chapada dos Guimarães (a 60 km de Cuiabá), da gastrónoma Ana Beatriz Hirooka, que fornece pratos artesanais totalmente livres de ingredientes de origem animal e produtos congelados que facilitam o consumo no dia-a-dia.
Ao Olhar Conceito, a jovem conta um pouco sobre a atuação no mercado vegano de Mato Grosso e o “poder das plantas” na alimentação saudável e natural. O nome Pran.ta vem da junção das palavras prana e planta. “Prana significa a energia vital de tudo que permeia os seres vivos, então é meio que prover energia das plantas, que é bem poderoso. Tem muito poder de cura, prevenção à diversas coisas, a gente se prevenindo, tendo uma imunidade boa, a probabilidade de ficar doente, ter alguma coisa é menor”.
“A Pran.ta surgiu na pandemia, em um momento cheio de incertezas e que trouxe muitas questões. Como eu estava morando fora do estado, retornei para onde cresci, Chapada dos Guimarães, e fiquei junto com minha família. Com isso fui repensando o meu estilo de vida, o consumo e a forma como a indústria lida com isso, principalmente a produção de alimentos e itens básicos. E veio a oportunidade de abrir a Pran.ta”, explica Ana.
“Eu comecei a empresa com os produtos congelados, e estava no início da pandemia, era o momento de prestarmos mais atenção na nossa alimentação e no que consumimos, se nutrir, e ao mesmo tempo, oferecer praticidade para as pessoas também. Porque a dinâmica dos congelados é com esse intuito de oferecer praticidade além de um alimento saudável e saboroso também, uma experiencia boa de comida congelada”, complementa.
A transição da empreendedora para o veganismo também se deu mais ou menos nessa época, em 2020. Ela conta que já consumia pouca carne, priorizando mais alimentos orgânicos, saudáveis e naturais.
“Quando eu decidi parar de consumir comida de origem animal, comecei a ficar mais criativa. Eu já cozinhava muitos vegetais antes e tinha uma alimentação bem plant-based (a base de plantas) e poucas vezes consumia os ingredientes de origem animal”, conta a gastrônoma.
Ana Beatriz relembra também que após abandonar a alimentação tradicional, um leque de possibilidade se abriu para ela dentro da gastronomia. Com a variedade enorme de alimentos, a jovem consegue descobrir receitas novas com os produtos do reino vegetal.
“Aqui em Chapada, temos uma feira, temos a horta comunitária, e toda vez que eu vou, encontro uma coisa nova, uma coisa sazonal que não é muito produzido porque foge do convencional do que a gente compra em supermercados”, disse.
A jovem empreendedora reforça também sobre a falta de informação dos alimentos consumidos, principalmente em relação aos nutrientes presentes nos legumes e vegetais. Ela também afirma que ainda há um certo preconceito por parte de algumas pessoas.
“Depois de abrir a Pran.ta eu senti que o mercado começou a chegar aqui em Chapada, Mato Grosso e Cuiabá, com o atendimento a um nicho da comida vegana. Eu já tinha um empreendimento no rio voltado para alimentação saudável e natural, atendia um público mais especifico. Não é todo mundo que está muito aberto, mas hoje eu vejo que as pessoas estão se abrindo cada vez mais a experimentar e conhecer a comida vegetariana e vegana”, conta Ana.
Conforme ela explica, a comida vegana é presente na alimentação do dia-a-dia, mas acaba ficando “imperceptível” porque faz parte do usual, como o arroz, o feijão, a batata e os legumes. Além disso, muitas vezes as pessoas pensam que a carne é o ingrediente principal de uma refeição e não um complemento. “Eles pensam que sem a carne não tem como ter uma refeição completa”.
“Mas isso ocorre justamente pela falta de conhecimento, todas as outras fontes vegetais fornecem proteína. E é pouco falado mesmo, a pessoa geralmente tem que ir atrás, com a internet tudo fica mais fácil, mas essas ferramentas de pesquisa não são tão bem usadas e exploradas”, complementa.
No entanto, a jovem acredita que o processo de desconstrução dos padrões culturais que fazem parte da história da sociedade e do consumo de carne, principalmente, em Mato Grosso, que possui a cultura da carne muito forte, está cada vez mais avançando.
“Eu acho que eu não estaria com a empresa de alimentos veganos se fortalecendo há tanto tempo, sem ter o público. É legal de ver essa procura de pessoas não veganas. E os veganos acabam não tendo muitas opções porque poucos lugares oferecem”, disse Ana Beatriz.
Análise do mercado
No Brasil, cerca de 30 milhões de pessoas se declaram vegetarianas, conforme os dados da pesquisa IBOPE de 2018. Desse número, cerca de 7 milhões são veganos, como apontou a Sociedade Vegetariana Brasileira. E a cada ano, esses índices aumentam.
Ana Beatriz contou um pouco sobre o cenário atual, pois ela acompanha as pesquisas e notícias mundiais na área de negócios. “Tem tido um crescimento do mercado vegano, um crescimento geral, no mundo inteiro. Isso é observado, eu acompanho muito negócios, não só do veganismo, mas de tudo que consumimos, de toda a cadeia de produção”.
“É algo que eu fiquei muito mais atenta a entender como as empresas lidam com o processo, de exploração animal de alguma maneira, e a gente vê um crescimento global, mas a minha experiência aqui em Mato Grosso, eu acho que está cada vez mais tendo procura sim. Uma procura por diversos fatores, gente que procura por questões de saúde, aí está diminuindo o consumo de carne, tem gente que está fazendo a transição para o veganismo, e é tudo muito novo ainda, e está querendo conhecer melhor. E tem quem já é vegetariano e vegano mesmo e consome meus produtos pela experiência e praticidade”, afirma a gastrônoma.
Para conhecer mais sobre o veganismo, acesse o site da Associação Brasileira de Veganismo
neste link. Além disso, Ana Beatriz compartilha diversos conteúdos sobre o assunto no Instagram:
@pran.t.a
Para comprar os produtos e refeições da Pran.ta,
clique aqui e veja mais sobre o cardápio. A jovem empresária também realiza atendimentos presenciais em Chapada dos Guimarães, mediante agendamento no telefone
(65) 98115-7015.
Eventos em Cuiabá
A Pran.ta estará presente neste final de semana em Cuiabá, na Feira da Música de Mato Grosso, realizada no Centro Cultural Casa Cuiabana, na avenida General Valle, nº 181, bairro Bandeirantes. O evento acontece no sábado (04) e domingo (05), ao longo do dia. Para conferir a programação,
clique aqui.
No perfil do Instagram, Ana Beatriz compartilha a agenda de eventos do mês, que acontecem tanto em Chapada dos Guimarães (sede da empresa) quanto em Cuiabá.