No jogo da discórdia de segunda-feira (21), Arthur Aguiar e Laís Caldas foram protagonistas de mais um embate. Adversários no programa, os dois nomearam um ao outro como os mais arrogantes dentro da casa. O episódio responsável pela maior repercussão, porém, foi quando o comportamento do ‘brother’ durante a discussão foi interpretado como uma das formas de abuso psicológico praticado contra mulheres: o ‘
Gaslighting’.
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Na ocasião, a médica goiana declarou que o ator sempre tenta diminuí-la durante conversas e interações. Enquanto isso, Arthur a interrompeu por diversas vezes para negar e disse, que ela ‘cria’ situações para criticar a sua conduta. “Comigo, você diz que não sei o que estou falando, que dou show, que sou rasa e me diminui", reclamou Laís.
Durante o programa, a médica não foi a única a apontar a arrogância de Arthur. Gustavo, que faz um casal com Laís no programa, também complementou a acusação. Durante a sua fala, porém, os internautas perceberam que Arthur não fez interrupções como fez com a médica. Pelo contrário, o jogador ficou em silêncio.
Nas redes sociais, a palavra
gaslighting rapidamente se tornou
trending topic [tópico mais comentando no twitter] enquanto
os internautas comentavam o episódio. Entre alguns, Arthur já era lido como ‘manipulador’, mas a cena fez com que uma parte do público passasse a prestar mais atenção na argumentação e forma de se posicionar do ator. Em meio à repercussão, o perfil de Laís no Twitter explicou do que se tratava a violência psicológia apontada no jogo de Arthur.
O ‘gaslighting’ é uma forma de abuso psicológico onde informações são distorcidas, seletivamente omitidas ou inventadas fazendo a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade.#FicaLais |
#TeamLais— Laís Caldas 👢 (@dra_laiscaldass)
March 22, 2022 ">
Outras personalidades públicas também se manifestaram nas redes sociais, reprovando a atitude do brother. Entre os que repudiaram o comportamento, estiveram a ex-BBB Ana Paula Renault, a pesquisadora e ativista anti-racismo brasileira Winnie Bueno, e a cantora Sophia Barclay.
<blockquote class="twitter-tweet"><p lang="pt" dir="ltr">Gaslighting é quando o homem faz a mulher duvidar da própria sanidade, memória e percepção. Uma forma de abuso psicológico nas quais as informações são distorcidas para favorecer o abusador.</p>— Ana Paula Renault (@anapaularenault) <a href="https://twitter.com/anapaularenault/status/1506103430401736706?ref_src=twsrc%5Etfw">March 22, 2022</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>
Perturbadoras as falas do Arthur.
Gaslighting total.
Manterrupting.
Que gatilho horroroso #BBB22— Ana Paula Renault (@anapaularenault)
March 22, 2022 ">
<blockquote class="twitter-tweet"><p lang="pt" dir="ltr">eu nao gosto da lais, mas o fato é: festival de omice do arthur: omiexplicando, ominterrompendo, omidistorcendo tudo junto num mega combo eu fiquei ate meio assustada.</p>— BBBueno, Winnie. (@winniebueno) <a href="https://twitter.com/winniebueno/status/1506100469109866497?ref_src=twsrc%5Etfw">March 22, 2022</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>
Arthur cometendo Gaslighting. Com o Gustavo ele abaixa a bolinha, mas na hora de subir a voz, é com mulher. "da seu show" "não foi assim que aconteceu", fazendo a mulher, a Lais duvidar da propria verdade.
ISSO É ABSURDO! #RedeBBB #BBB22— Sophia Barclay (@Barcllay)
March 22, 2022 ">
Mas afinal, o que é gaslighting?
De acordo com Qelli Rocha, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Relações de Gênero da Universidade Federal de Mato Grosso (Nuepom/UFMT), o gaslighting, além de manipulação do que é dito, também se configura como a “destituição da razão do outro”.
“Ele conseguiu, através da prática discursiva, tornar todos os homens da casa seus aliados. O que também evidencia um domínio sobre os homens. Protegido por estes outros homens, ele se coloca como vítima quando na verdade é o agressor”, opina.
A especialista, porém, deixa claro que a agressão não é física, dada as próprias regras do jogo. Isso porque, segundo ela, a violência é psicológica e se enquadra na prática do
gaslighting, quando ele ironiza a fala das colegas dentro do jogo e, ainda, quando distorce as suas falas.
“Ele desrespeita na fala, ele desqualifica nas adjetivações pejorativas. A gente vê a manipulação naquele jogo da discórdia, a gente vê a manipulação quando ele chama as pessoas de forma individual e se coloca como um sujeito independente, autônomo [dentro do jogo], embora não seja”, explica.
Em julho do ano passado, o Governo Federal sancionou a
Lei 14.188, de 2021, que inclui no código penal o crime de violência psicológica contra a mulher. O
gaslighting, por sua vez, é uma das formas de como o delito pode ser cometido. De acordo com o texto da lei, a violência psicológica se manifesta de várias formas.
"[Seja por] causar dano emocional à mulher que prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação”, diz trecho da lei.
Ainda conforme a publicação do Diária Oficial da União (DOU), a pena prevista para esse tipo de crime é reclusão de seis meses a dois anos de prisão e pagamento de multa. A pena pode ser ainda maior se a conduta constituir um crime mais grave.
