O restaurante D.O.M, do chef brasileiro Alex Atala, é favorito para ficar em primeiro lugar na lista dos 50 melhores do mundo, elaborada pela revista inglesa Restaurant. De acordo com editores de publicações gastronômicas, Atala deve ser o número 1, na premiação que será divulgada na próxima segunda-feira. Idealizador e diretor responsável pelo caderno Paladar, no jornal O Estado de S. Paulo, Ilan Kow destacou a qualidade de ser “um pesquisador muito dedicado” de Atala, o que proporciona a exploração da riqueza de sabores e ingredientes nacionais na gastronomia.
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“Atala já viajou muito pelo Brasil, para o Pantanal, sul do País e pelo mundo (...), preocupado em descobrir coisas brasileiras para a gastronomia, seja novas formas de produzir ou ingredientes”, comentou Kow. O diretor ressaltou a importância de trabalhos paralelos ao restaurante, como a linha “Retratos do Gosto”, lançada pelo chef como forma de incentivar a culinária nacional, com produtos de qualidade, como arroz, granola, derivados do milho e variedades de feijão, e os livros sobre ingredientes e cozinha do Brasil.
“Ele criou uma cozinha regional com nível de alta gastronomia. Viaja o mundo inteiro, é um eterno pesquisador, é merecedor e tem condições de ser o número 1”, opinou o editor-chefe da Go Where Gastronomia, Celso Arnaldo Araújo. Segundo ele, pela história de vida de Atala – que “começou de baixo, lavando pratos” e foi considerado um dos 100 nomes mais influentes do mundo pela revista Time na última semana – “faz sentido que ele seja o primeiro colocado”.
Araújo considera mais importante o chef “como personalidade gastronômica” do que o próprio DOM. No entanto, o destaque do restaurante brasileiro se prova pelo alto número de visitas estrangeiras que recebe: “não há chef que venha ao Brasil e não vá ao DOM e ao Mocotó”, considerou. Até René Redzepi, dono do atual número 1, o Noma, teria assumido o favoritismo do DOM, relatou a editora-chefe da revista Menu, Beatriz Marques. “Os olhos estão voltados para a América Latina”, disse ela.
Segundo Beatriz, a escolha de Atala como uma das pessoas mais influentes do mundo é a confirmação de uma tendência e é bastante significativa: “são poucos chefs que entraram nessa lista. O Brasil tem cada vez mais exposição, pela economia, vinda de estrangeiros, pelo turismo mais frequente. (...) Todo mundo busca novidade na gastronomia, os chefs querem novos sabores e temos uma riqueza muito grande de alimentos”. Atala soube, segundo ela, explorar os ingredientes brasileiros e representar a gastronomia nacional pelo mundo.
Outros dois restaurantes brasileiros que podem estar na lista são Maní, de Helena Rizzo, atual 51º na lista, e o Roberta Sudbrack, na 71º posição. Para Beatriz, se o Maní recebeu o convite para acompanhar a divulgação dos estabelecimentos, deve ser indicado. Araújo acredita em uma escalada no ranking dos restaurantes brasileiros, no entanto, de acordo com Kow, só de o País ter três nomes concorrendo “já é um reconhecimento da evolução da gastronomia, que está se equiparando à francesa e espanhola”. “É uma forma de exportar cultura pela gastronomia para o mundo”, concluiu o idealizador do Paladar.
Segundo informações da assessoria de imprensa de Alex Atala, o chef recebeu convite para acompanhar a divulgação dos 50 melhores restaurantes do mundo em Londres. Helena Rizzo também estará na cidade inglesa, no entanto, a assessoria de imprensa da chef não confirmou recebimento de convite. Até as 15h desta quarta-feira, o Terra não obeteve retorno da assessoria de Roberta Sudbrack sobre o assunto.