Anne Adelle vem de uma família de nordestinos que saiu de seu estado em busca de novas oportunidades. Do Ceará foram para o Rio de Janeiro e após alguns anos acabaram parando em Mato Grosso. Na capital, Anne se tornou professora e conquistou grandes cargos na sua área, mas as conquistas resultaram em um burnout que ela se cura até hoje. Atualmente, após pegar uma receita de sua mãe, cuida do
Risca Faca Xodó Food, um restaurante delivery de comida nordestina.
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Há dois pilares na casa de Anne: biblioteca e cozinha. Isso se justifica com quatro professores - pai, mãe, ela e irmão, mas com a cozinha sempre presente. “O clássico do nordeste. Toda família grande nordestina recebe as pessoas para um café, e temos comidas clássicas da nossa história com os nossos amigos”, pontua Anne em entrevista ao
Olhar Conceito.
A chegada da pandemia do novo coronavírus impediu com que as confraternizações acontecessem, afastando os familiares. Justamente esse afastamento foi um dos fatores que contribuíram para a criação do Risca Faca, mas uma experiência traumática pessoal também se somou ao negócio. Anne foi diagnosticada com síndrome do burnout — distúrbio psíquico resultante de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes.
Bacharel em direito e pesquisadora, Anna conta que conseguiu alcançar grandes cargos enquanto professora. “Todo sonho de princesa profissional eu realizei dentro dessa área, mas teve um preço muito alto. Eu tive burnout, um esgotamento [mental] muito sério, que ainda estou em processo de cura e tratamento muito longo. Já tem uns dois anos”, conta.
A última vez que trabalhou como professora foi em fevereiro de 2021, quando decidiu que iria realmente se dedicar a si. Já em agosto, buscou alternativas de trabalho e começou a planejar a criação do Risca Faca, que contou com a ajuda do irmão Einstein Halking, figurinista e estilista.
O negócio nunca saía do papel, o que levou Anne a voltar a se esgotar mentalmente. Em outubro de 2021, foi o ápice. Inclusive, nessa mesma época deu uma palestra sobre professores empreendedores em uma sexta-feira e, na segunda-feira seguinte, percebeu que não estava fazendo aquilo que proliferava e nunca tinha se arriscado em um negócio próprio. Ela estava se sentindo uma fraude.
Esse sentimento foi o estopim para que Anne finalmente tirasse o Risca Faca do papel. Criou um planejamento de entrega, precificou e criou o Instagram. Posteriormente, se inscreveu no Sesc Arsenal e atualmente participa do bulixo a cada quinze dias, conforme determina a rotatividade do espaço.
O grande carro-chefe do Risca Faca é a cocada, que veio a partir da receita de sua mãe. “[Foi] tudo guiado pela famosa receita da minha família, a cocada de forno cremosa da minha mãe. Esse é o carro-chefe do Risca. A gente simplesmente parou um dia e disse: ‘o mundo precisa comer essa cocada’. Isso a gente sempre teve muito forte. Antigamente as pessoas tinham muito acesso a essa cocada, que saía muito para a família como transferência de amor e afeto”.
Além da cocada, o Risca Faca também oferece baião de cinco com farofa de cuscuz, carreteiro sertanejo com farofa de cuscuz, lasanha sertaneja ao molho vermelho ou de natas e bolo mole. A ideia é se aproximar ao máximo de uma comida caseira, por carregar carinho e afeto.
O Risca Faca realiza entregas todos os dias, entre as 10h e 14h30. Para realizar encomendas, é possível entrar em contato pelo número (65) 99216-4634. O Risca Faca também atende eventos.