Ulisses e Antônio Ernani Calhao serão homenageados como Mestres da Cultura de Mato Grosso na próxima terça-feira (28), por meio de um vídeo homenagem e uma exposição fotográfica, que serão transmitidos no Facebook. A transmissão do projeto “Os Irmãos Calhao e o Muxirum Cuiabano” conta com a presença dos irmãos, além de Leonardo Sant’Ana, diretor de conteúdo audiovisual.
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O vídeo homenagem de cerca de 30 minutos traz entrevistas com os irmãos. “Ulisses e Ernani contam, por eles mesmos e por suas lembranças, as respectivas histórias de vida e militância na cultura, principalmente no movimento conhecido como Muxirum Cuiabano”, antecipa o diretor.
Já a exposição reúne 39 fotografias que ilustram a trajetória do Muxirum. Estes registros históricos apresentam encontros, momentos marcantes e pessoas importantes para a criação e consolidação do movimento. A exposição ficará disponível por tempo indeterminado
aqui.
O Muxirum
Fundado em 1989, o Muxirum se manteve ativo por quase uma década e tinha como propósito a salvaguarda de patrimônios imateriais e materiais de Cuiabá, mediante ações de divulgação, conscientização e valorização.
“Começamos com o intuito de olhar para as nossas bases, nossas raízes. E quando a gente faz o levantamento desta memória e percebe tudo que se conquistou em termos culturais para Mato Grosso, é extremamente gratificante”, relata Ulisses.
Muxirum é um neologismo que significa mutirão ou trabalho comunitário. O movimento contribuiu para a consolidação de elementos tradicionais, populares e ribeirinhos na iconografia cultural local. “Era um movimento de resistência àquela possível perda dos nossos valores”, relembra Ulisses.
Importante pontuar que, na época, a população passava a assimilar a narrativa de que a cultural local era inferior às demais, tanto as trazidas pelos imigrantes, em sua maioria sulistas, quanto as propagadas pela televisão, majoritariamente do eixo Rio-São Paulo.
“O processo de urbanização de Cuiabá e esse fluxo migratório muito intenso fez com que a cidade crescesse muito rápido. E isso ameaçava elementos que faziam parte do imaginário e tradição da população local”, explica Leonardo.
O movimento foi encabeçado por uma série de personalidades locais. Além dos irmãos, destacam-se Josephina Paes de Barros Lima, Wanda Marchetti, Adi de Figueiredo Matos, José Marciano Cândia (Pepito Cândia), Lucia Palma, Abel dy Anjos, Aníbal Alencastro, dentre outros artistas, pesquisadores, historiadores, políticos, agentes culturais, jornalistas, empresários, estudantes, funcionários públicos.
O projeto Os Irmãos Calhao e o Muxirum Cuiabano foi contemplado no edital Conexão Mestres da Cultura – Marília Beatriz de Figueiredo Leite, promovido pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) com recursos da Lei Aldir Blanc.
Realizações do Muxirum Cuiabano
A revitalização das festas de São Benedito e do Senhor Divino foi um dos grandes feitos do movimento. Ambas, aliás, estiveram à beira do esquecimento naquele período. Portanto, se hoje são duas das manifestações religiosas mais tradicionais e populares do estado, este reconhecimento passa pelas mãos e ações do grupo.
O Muxirum também teve papel de destaque na preservação da memória arquitetônica da cidade, além da permanente luta pelo legítimo reconhecimento público de manifestações artísticas e culturais locais, como o siriri e o cururu, o rasqueado, a gastronomia, o “djeito” de falar, o artesanato, dentre outras formas de expressão que constituem a identidade local.
“É uma homenagem a este movimento vanguardista e moderno que ainda reverbera no contexto cultural contemporâneo, movimento que foi capaz de canonizar como ícones da cultura mato-grossense elementos tradicionais da cultura cuiabana”, conclui Leonardo.
Serviço
O que: Live de lançamento de vídeo homenagem e exposição fotográfica para o projeto “Irmãos Calhao e o Muxirum Cuiabano”
Quando: 28 de dezembro às 19h
Live:
Facebook
Exposição:
Muxirum Cuiabano
Com assessoria.