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Povo Paresi

Hati da Aldeia Wazare representa identidade cultural e ciclo de vida na Terra, explica cacique

07 Dez 2021 - 16:16

Da Redação - José Lucas Salvani / Da Reportagem Local - Izabel Coutinho

Foto: Reprodução

Hati da Aldeia Wazare representa identidade cultural e ciclo de vida na Terra, explica cacique
Vida e morte são opostos que podem ser interpretados e representados de inúmeras maneiras. Na cultura da Aldeia Wazare, localizada no município de Campo Novo do Parecis (391 km de Cuiabá), o ciclo da vida é importante ao ponto de ser representado na construção dos hatis, com cada parte pensada para representar um momento específico, como nascimento, morte, adolescência e maturidade. 

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O Olhar Conceito esteve presente no futuro lar do cacique Rony Pareci, do Povo Paresi. Ele explica que a casa representa tanto a identidade cultural como também o próprio ciclo da vida das pessoas na Terra. Construída no sentido leste para o oeste, o hati é pensado para que o nascimento do sol represente o nascimento da vida, enquanto o por do sol é o fim deste ciclo.



“Então a primeira parte da porta simboliza a criança. Da parte do meio da onde está essa envergadura em diante até na parte do início da casa, ela representa a sua adolescência. Ele acha que sabe tudo, pode tudo, daquele jeito. E aí dessa parte pra cá, que está no meio, representa a sua fase de jovem, onde você vai buscar a experiência, aprendizado e conhecimento. A partir do meio, daqui da casa, até o lado contrário, onde o sol se põe, é a parte adulta que você pratica o que aprendeu. Conforme o grau da casa é a nossa idade”.



Genilson André Kesomai, irmão do cacique, explica que a casa também tem uma força espiritual, que ajuda a fortalecer a família. “É uma arquitetura tradicional, de milênios de anos, de geração para geração. Até nos dias atuais, as comunidades pareci, em especial os caciques, eles habitam a casa, que tem o dom espiritual que fortalece a família e o trabalho do cacique para poder representar a comunidade”.



A cultura enraizada e a ancestralidade no hati não impede que a contemporaneidade tenha um espaço lá dentro. Entre as mudanças que chegaram ao longo dos anos, há cerâmica, internet e luz. Há ainda a substituição do bambu por arame de prego para a sustentação de algumas estruturas.

Secretaria de Assuntos Indígenas em Mato Grosso

O cacique fez um apelo para que o Estado de Mato Grosso realize a instauração de uma Secretaria de Assuntos Indígenas. O pedido foi feito na última quinta-feira (2), durante passagem da primeira-dama Virginia Mendes e sua comitiva, que realizaram as entregas de Natal do programa “Ser Família Indígena”. 

A aldeia Wazare é a sede do primeiro projeto turístico-cultural indígena de Mato Grosso, que tem Virginia como madrinha. A iniciativa foi protocolada em maio na regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Cuiabá. De acordo com o cacique Rony, idealizador da iniciativa, a criação da Secretaria fomentaria a autonomia indígena. 



“O Estado poderia ter um avanço maior. Ao invés de ter uma superintendência, nós [temos que] trabalhar a política mais ampliada, criando uma Secretaria de Assuntos Indígenas. Para poder alavancar mais, tem que se criar uma Secretaria de Assuntos Indígenas para ter mais autonomia, política e econômica de gestão junto às comunidades indígenas”, ressaltou Rony durante a solenidade.
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