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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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CHAPELEIRO

Novo sebo em Cuiabá traz acervo diverso, com peças de 1864, e oferece cafés especiais

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Novo sebo em Cuiabá traz acervo diverso, com peças de 1864, e oferece cafés especiais
O casal Fábio Alexandre Mendonça, 50 anos, e Adriana Aquino Braga, 47 anos, resolveu juntar uma paixão antiga por cultura para inaugurar um sebo que também oferece cafés especiais, chás e um espaço confortável para leitura. O Chapeleiro Café e Sebo fica localizado na Praça da Mandioca, em Cuiabá, e possui um vasto acervo de itens, incluindo uma coleção de livros de 1864.

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“Sempre tivemos essas duas paixões que andaram juntas. Ele ia atrás do café e eu atrás das antiguidades. Consequentemente, as coisas vão acontecendo: vem os livros, vinis e CDs. Numa brincadeira, ele de repente disse: ‘um dia a gente vai abrir o Chapeleiro’. Então, quando voltamos de uma viagem, que eu já tinha comprado algumas antiguidades e ele bastante café, como sempre, pensei: ‘por que não agora?’”, conta Adriana em entrevista ao Olhar Conceito.
 

Servidor público e ex-vendedora em uma concessionária, ambos se conhecem desde 1988. Os dois namoraram e chegaram a noivar na época, mas o relacionamento não foi para frente. O destino fez com que os dois se reencontrassem há cerca de cinco anos, totalmente mudados e em um novo momento, somatória que resultou na retomada do casal. Desde então, os dois estão juntos e agora seguem unidos com a gerência do local que é sonho dos dois há tempos.

A casa localizada na Praça da Mandioca foi encontrada há cerca de um ano e meio. A idealização do Chapeleiro vem sendo feita desde então. A junção de um sebo e café se deu pela própria experiência dos dois de irem em locais que não conseguiam oferecer o serviço desejado. A ideia principal é reunir tudo o que o casal gosta ou gostaria de fazer.
 

“Uma grande parte do acervo nós encontramos, compramos e trouxemos. Nosso foco no acervo é em importância literária. Quando trazemos algo para cá, trazemos porque tem importância literária, sentido emocional e também do ponto de vista da cultura brasileira e internacional. Temos livros focados nisso, [como] Gabriel Garcia Marques e Jorge Luis Borges”, explica Fábio.

Entre os livros mais antigos ou raros no acervo, há “A Poética do Espaço”, do filósofo francês Gaston Bachelard, publicado em 1957, e uma coleção de livros de Alexandre Herculano,  português, datada de 1864. Já entre os vinis, há nomes importantes do jazz da década de 30 e 40.
 

Apesar de parte do acervo não estar disponível para venda, é possível consumir livros e vinis no espaço, como também levar para casa e depois devolver. Um dos clientes  do Chapeleiro, inclusive, levou um livro raro do pintor Cândido Portinari, que traz fotos e histórias de sua família, para sua casa. Futuramente, os planos envolvem criar uma banca chamada Pegue Leve e Devolva, motivando também para que outras pessoas possam deixar livros além do acervo da casa.

“A nossa ideia é compartilhar. A pessoa que vir aqui e quiser ter acesso a qualquer um dos nossos livros - usados ou novos - pode [usar]. Pode vir aqui, sentar, beber um café ou beber nada, ler o livro ou ouvir uma música. Todo o nosso acervo está disponível para isso. Parte dele, não está à venda porque são livros, CDs e vinis da minha coleção pessoal. Alguns são por sentido emocional, outros são por [terem um] valor alto”, conta Fábio.

Um dos itens ao qual o servidor se refere é “Pequeno Livro”, do poeta Cesário Verde. De acordo com Fábio, a obra é rara e revela que quem vendeu para ele sequer sabia do que se tratava. Cesário Verde é um dos pioneiros da poesia portuguesa e sua importância é tamanha que, em Portugal, há um prêmio literário que leva seu nome.
 

A paixão de Fábio pela literatura foi um presente dado pela mãe. Além dos livros, ele sempre gostou de música e cinema. Ele relembra quando assistiu o vencedor do Oscar “Gandhi”, de 1982, quando a capital mato-grossense possuia uma única sala de cinema para toda população.

“Outros filmes assisti na televisão e cinema, no tempo em que havia uma única sala de cinema em Cuiabá. Não tínhamos 10 opções como nos shoppings. Era um cinema só, com uma única sala. Era um espaço maravilhoso”.
 

Não somente livros ou vinis, o Chapeleiro traz também uma seleção de cafés especiais. “Todo café [assim] tem uma torra equilibrada, então ele nunca vai ser preto porque sua cor vem daí. Se o café é mais claro, é porque a torra é clara. Se é um pouquinho mais escuro, é uma torra média. Já se é ainda mais escuro, é porque a torra é escura, mas nunca será preto”, explica Fábio.

Entre os drinks que mais se destacam, há o shakerato, uma bebida tradicional italiana, e também o Cappuccino Doce de Flor, que vai doce de leite e flor de sal. Para esta última bebida, há uma versão sem açúcar.
 

Além do café, há também chás da Talchá, para fazer juz ao nome Chapeleiro, em referência a "Alice no País das Maravilhas". "É mais por causa da obra, o Chapeleiro vem de 'Alice'. Como eu queria ter chás, fomos atrás. Fiz pesquisas e o mais acessível, tanto financeiramente para pessoas, quanto de gosto e paladar, é da Talchá", conta Adriana.

"Montamos [o Chapeleiro] para sermos felizes. Acontece da gente ganhar dinheiro? Acontece. Temos que pagar contas. Temos que ser realistas, não tem jeito, mas é muito gratificante quando alguém encontra um livro que estava procurando, um CD ou vinil, toma um café que nunca tomou na vida ou prova uma tosta que estava muito distante do seu paladar", finaliza Adriana.

Serviço

Chapeleiro Sebo e Café
Terça a sexta, entre 8h e 19h
Sábados, domingos e feriados, entre 8h e 12h
Rua Pedro Celestino, 53, Praça da Mandioca, Cuiabá.

Atualizada às 18h50.
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