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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Pesquisadora da Unicamp descobre nova espécie e gênero de borboleta em Alta Floresta

Foto: Divulgação

A pesquisadora em campo

A pesquisadora em campo

A pesquisadora Luísa Mota, doutoranda da Universidade de Campinas (Unicamp), em parceria com André Freitas, Thamara Zacca e Eduardo Barbosa, publicou recentemente um artigo científico anunciando a descoberta de um novo gênero e espécie de borboleta, a ‘Cristalinaia vitoria’. Ela foi vista pela primeira vez em Alta Floresta (638km de Cuiabá), nas trilhas da Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN Cristalino.

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A borboleta pertence à subtribo Euptychiina, um grupo de borboletas pequenas e geralmente pouco chamativas, embora essa tenha um belo padrão de manchas alaranjadas. A pesquisa foi realizada em parceria com a Fundação Ecológica Cristalino – FEC.

De acordo com a assessoria, Luísa realiza a pesquisa “Anéis Mimétricos Simpátricos em Lepidoptera – caracterização, estrutura espaço – temporal e estrutura filogenética”, em que busca investigar como as comunidades de borboletas diferem, ou não, e interagem em diversos tipos de ambientes que existem na área do Cristalino.

“Minha pesquisa de doutorado, ainda em andamento, tem como tema os anéis miméticos das borboletas do Cristalino, ou seja, os grupos de borboletas que tem um padrão de coloração semelhante e que sinaliza, aos predadores, que elas possuem gosto ruim e devem ser evitadas. O ano em que permaneci no Cristalino coletando dados sobre mimetismo também resultou na descoberta de uma nova espécie”, conta a pesquisadora.

Luísa encontrou, primeiramente, uma lagarta, se alimentando de bambu. “Criei achando que se tratava de uma das várias Euptychiina que são comuns nos bambuzais da região. Para a minha surpresa, quando o adulto emergiu, era diferente de todas elas, e meu orientador, o Prof. Dr. André Freitas, confirmou que se tratava de uma espécie ainda não descrita. Apesar de intensa procura, apenas mais dois indivíduos foram encontrados, o que sugere que seja rara”, afirma.

Foram realizadas análises moleculares e morfológicas da espécie encontrada, pelo Dr. Eduardo Barbosa e a Dra. Thamara Zacca, que já trabalham há anos com esse grupo de borboletas. Eles descobriram que, tanto pelos dados do DNA quanto pelas características morfológicas, especialmente da genitália masculina (estrutura muito utilizada para a identificação e delimitação de espécies em borboletas), a espécie não se encaixava em nenhum dos gêneros já conhecidos de Euptychiina. Assim, foi feita a descrição não apenas de uma nova espécie, mas também de um novo gênero de borboletas.

O nome escolhido para o gênero foi Cristalinaia, em referência ao Cristalino, e o nome da espécie foi Cristalinaia vitoria, homenageando Vitoria da Riva, proprietária do Lodge e das RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) Cristalino e presidente da Fundação Ecológica Cristalino, em reconhecimento ao seu trabalho pioneiro de conservação.

Observação

No começo dos anos 2000, começou no Cristalino Lodge a observação de borboletas. Já em 2003, dois importantes pesquisadores, Wanda Dameron e Keith Brown, acompanhados dos guias americanos Will e Gill Carter, estiveram durante 13 dias e catalogaram 1.000 espécies, algumas delas jamais vistas na América do Sul. Um relatório foi feito e encaminhado à Associação Norte-americana de Borboletas que foi utilizado para orientação na implantação de várias trilhas de borboletas na área.

As borboletas destas trilhas também foram atração do filme “What’s Going On Here?”, feito pelo especialista em borboletas, John Bank. O DVD com áudio em português e inglês, pode ser encontrado para compra no Cine Butterflies.

É estimado que na região das RPPNs Cristalino, na Amazônia Mato-grossense e próximas ao rio Teles Pires, existam mais de mil espécies de borboletas. Os diversos tipos de ambientes que existem na área da RPPN Cristalino, como as matas de terra firme, a floresta semi decídua, igapó, os bambuzais e as clareiras onde geralmente caem árvores, são locais propícios para a sua proliferação.
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