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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Após perder a mãe e enfrentar separação, músico cuiabano decide se dedicar ao autoral

Foto: Divulgação

Após perder a mãe e enfrentar separação, músico cuiabano decide se dedicar ao autoral
A música está presente na vida de Gleison Rezende Gabriel desde os doze anos, quando viu sua mãe fazendo aulas de teclado. De lá para cá, aprendeu este e outros instrumentos, tocou na igreja, deu aulas, começou uma graduação em música, abriu o próprio estúdio e tocou muita música dos outros. Foi apenas nos últimos três anos, depois que perdeu a mãe e terminou um casamento, que decidiu se encontrar. Criou o ‘Gabriel Bong’, passou a lançar clipes autorais com parceiros da cidade, e no próximo ano pretende sair em viagem pelo Brasil levando sua música.

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A história, na realidade, não foi linear. Quando viu a mãe tocando teclado e também quis aprender, ela deixou. Mas, seis meses depois, ele já estava enjoado de tanta teoria. “Graças a Deus ela me forçou a continuar e fazer dois anos [de aula]. E nisso eu tive toda a base musical. Com 14 anos que eu terminei o curso e comecei a tocar na igreja católica”, lembra.

Na igreja, viu a necessidade de aprender violão, para conseguir tocar sem partitura. No ensino médio, fez aulas de canto coral, e aos quinze anos já sabia que queria viver de música. Com medo, os pais apoiaram, enquanto a desconfiança veio de quem via de fora. “Como eles [os pais] me viram nascer para a música no meio espiritual, perceberam que tinha um sentido naquilo. Eu não queria só ser músico por ser, eu fazia porque amava”.

O pai o ajudou a montar um estúdio em casa aos dezenove anos, e nesta época também ingressou no curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), para logo ver que não era aquilo que queria. “Na primeira aula a coordenadora já jogou um balde de água fria. Ela falou: vocês não vão sair daqui músicos, vão sair daqui professores de música”. Ele nunca quis ser professor.

Aos vinte, Gabriel teve uma filha, e optou por trabalhar com a música dos outros em seu estúdio, ao invés de encarar a noite, para poder se dedicar à família. “Nesse home Studio eu gravava, produzia, a galera ia para ensaiar, e eu tive esse contato mais profundo com música”, lembra. “Passei mais ou menos 10 anos trabalhando dentro de casa. Mas como eu tinha que sobreviver exclusivamente de música, eu nunca consegui fazer as minhas coisas para eu poder receber. Eu fazia produção do que aparecesse... lambadão, sertanejo...”.

Dez anos depois, a vida deu uma reviravolta. Gabriel perdeu a mãe, o casamento acabou, a filha já estava maior, e ele não se sentia feliz com o que fazia. “Eu fui procurar meu rumo. Assim nasceu o Gabriel Bong”.

Gabriel Bong

Foto: Divulgação

Unindo seu sobrenome a um apelido dado pelos amigos, Gleison optou por ‘Gabriel Bong’ como seu nome artístico. Voltou a compor, e em fevereiro de 2019 se uniu a Dan Morel para criar uma produtora independente, a ‘G Bong’, que lançou um clipe por mês até agosto, e dois por mês de lá para cá. No início da aventura, o canal tinha 38 inscritos – número que aumentou para mil em oito meses.  

Para fazer as produções, Gabriel grava os instrumentos, beats e voz separadamente. Outros parceiros também gravam com ele, mas o principal é Dan. “Algumas músicas a gente fez em parceria, algumas eu já tinha a letra e o chamei pra escrever uma parte, e algumas só eu, algumas só ele, a gente vai fazendo esse revezamento e colocando uma galera pra tocar junto também”, explica.

A maior parte das músicas fala sobre superação. “Todos temos problemas, passamos por tristezas, e eu passei por um momento muito triste. E essa fé foi o que me motivou. Então isso que eu tenho tentado passar nas minhas letras”, conta Gabriel. “Esse meio tem muita música de entretenimento, mas tem uma linha de mensagem, e eu sempre tive a ideia de a música ser algo espiritual. Mesmo que eu tenha me afastado da igreja, hoje eu tenho minha fé, sempre tive isso com a música”.

As fronteiras da cidade, então, ficaram pequenas. Gabriel percebeu que seu som – reggae, rap, trap – faz mais sucesso fora de Cuiabá, onde a população ainda tem a cultura de preferir que o artista local toque cover. “Decidi fazer a minha ‘última tentativa’. Aqui não existe a cultura de se ouvir músicas de artistas daqui... Você pega, por exemplo, o lambadão. Antigamente, era música deles. Hoje em dia eles tocam só sertanejo. A galera não compõe mais, porque você vai gravar, ter todo o gasto de ir no estúdio, gravar sua música, fazer clipe, fazer a identidade visual, conteúdo de redes... e você não tem o público que vai consumir”, lamenta.

No próximo ano, então, ele pretende colocar o pé na estrada, continuar gravando e compondo, e apresentar tudo em outros cantos do Brasil. “Inicialmente a minha ambição é litoral, porque meu som é bem reggae, e o rap também é praiano. Então quero descer para as praias, tentar ali, sudeste, nordeste... vai ser de acordo com onde a música me levar”, finaliza.

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