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Quinta-feira, 05 de dezembro de 2024

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CRÔNICA

Cowboy viaja pelo repertório de Verdi, Tchaikovsky e Mendelssohn

Foto: Márcio Trevisan

Cowboy viaja pelo repertório de Verdi, Tchaikovsky e Mendelssohn
Para um jovem de 20 anos que nunca havia frequentado um concerto de música erudita antes, a noite de sábado (20)– na volta do Cine Teatro após reforma- foi mais do que marcante, afinal, eu estava cumprindo um acordo. Foi meu editor, Marcos Coutinho, que me fez um desafio: só cobriria o jogo do Mixto, em Salvador, se eu fosse a um concerto de música erudita. O Mixto perdeu, eu ganhei.


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Quando cheguei me deparei com uma fila, que geralmente só vejo em shows sertanejos e em casas noturnas -as quais frequento - antes de serem abertas. Pessoas falando do evento e sobre a ansiedade de entrar, também foi novidade. Achei que ia encontrar naquele lugar só pessoas mais maduras. Só fiz juízo errado. Crianças acompanhando seus pais e jovens comentando sobre as expectativas daquela apresentação fizeram meus pensamentos prévios caírem por terra. Até ouvi uma moça falar que iria ser fantástico. E ela não estava errada.

Na frente do Cine Teatro carros paravam e pessoas da alta sociedade desembarcavam e entravam com muita pressa de pegar um bom lugar na plateia. Na fila da bilheteria uma notícia ruim para os que foram desprevenidos: “Ingressos esgotados”. E esse lembrete estava pendurado desde as 18 horas. Fiquei sabendo que já às 14 horas não havia mais convites.

Eu estou acostumado em frequentar lugares muito agitados, com pessoas falando ao mesmo tempo em que artistas se apresentam no palco. O burburinho é marcante. Mas, ali, permaneci em silêncio todo o repertório, em silêncio para apreciar música erudita. Ali eu estava em silêncio e percebia dezenas de pessoas que até fechavam os olhos e pareciam viajar na sonoridade que saía de violinos, violoncelos, flautas e outros instrumentos que completam a orquestra. 

Confesso que me arrepiei com a sincronia dos instrumentos no palco, sentia a vibração. A imagem do maestro Leandro Carvalho regendo entre intervalos bruscos e outros de muita leveza, só via em filmes ou animações infantis. Os aplausos após cada peça também foi algo magnífico, emocionante. A palavra “bravo” era dita por muitos e me chamou atenção ao final do concerto, um reconhecimento característico dessa plateia, digamos assim, de gosto mais intelectualizado.

Algumas palavras que foram ditas antes da apresentação também não faziam parte do meu vocabulário diário. Só sei que aprendi muito e me tornei um grande apreciador da música erudita. Explico: os lugares que eu disse ali em cima que eu freqüento são shows de música sertaneja, sou até presidente de comitiva com a qual me apresento. Vivo ao som da música mais popular, mas fiquei muito atraído pela música executada pela orquestra. 

Vale ressaltar, me chamou muito a atenção todo o cuidado que o maestro tem de envolver a plateia, explicando sobre cada peça que vai ouvir. Neste meu primeiro concerto foram três. As duas últimas tinham 30 e 34 minutos respectivamente. Para mim foi algo curioso, já que as músicas que eu costumo escutar duram muito, muito menos.
Após a abertura com uma peça de Giuseppe Verdi, foi a vez de Tchaikovsky. O regente da orquestra chamou a grande estrela, o solista, o violinista Emanuelle Baildini, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp. Ele acompanhou os músicos de nossa orquestra por mais de 30 minutos e ainda fez uma homenagem ao aniversário do regente Leandro, tocando os parabéns ao som do violino. Todos aplaudiram de pé a apresentação.

Depois disso, aconteceu um intervalo, afinal, fiquei sabendo e pude comprovar, vinha uma peça muito densa. Quando o relógio marcava 21h15, os músicos voltaram do intervalo e novamente o público acompanhou o fim do espetáculo. Foram mais 30 minutos com muita música relembrando o romantismo da Alemanha. O som tocado de Felix Mendelssohn foi um dos primeiros maestros da história, que fez a peça dedicada à Rainha Vitória I, do Reino Unido. A obra foi escrita por volta de 1847 na Grã-Bretanha.

Uma bela aula de história que eu mal imaginava que poderia ter.
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