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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Mulher Trans, monarquista e de direita: conheça a cuiabana seguida por membros da realeza

Foto: Arquivo Pessoal

Mulher Trans, monarquista e de direita: conheça a cuiabana seguida por membros da realeza
A historiadora, jornalista e professora cuiabana Astrid Beatriz Bodstein é uma mulher trans, ativista dos direitos LGBTs, monarquista e de direita. O que parece contraditório, na verdade desperta curiosidade e empatia de diversos grupos políticos e da monarquia. Com mais de 32 mil seguidores no Instagram, o perfil dela é acompanhado príncipes e princesas de todo o mundo.

No Brasil, Astrid ressalta que a política precisa ser mais tolerante, pois existem muitos homossexuais de direita. “Acho que é preciso levar para os ambientes de direita a mensagem: Nós existimos e estamos aqui! Politicamente nós pensamos em muitas coisas iguais. Hoje nós vivemos uma situação de extremos, a esquerda gritando Lula livre e a direita gritando mito”.

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Ativista dos movimentos LGBTs, Astrid analisa o momento politico do país com preocupação e acredita que rótulos e extremismos tiram o foco dos problemas que envolvem as politicas públicas. Ela rebate as criticas que associam os grupos LGBTS somente com os partidos de esquerda, mas admite que a militância da esquerda é mais forte, o que leva as pessoas a identificarem os grupos LGBTS sempre como algo de esquerda ou “contra” o atual governo.

“O que a esquerda percebeu lá atrás, há uns 30 anos, é que precisava trazer esse contingente LGBT para perto e a direita ainda está dormindo em berço esplêndido. O que eu vejo que prejudica muito hoje é a identificação das militâncias LGBTs com a esquerda, isso faz com que a direita veja que toda pessoa LGBT é de esquerda, isso gera muita confusão e preconceito”.

A historiadora acredita que o certo seria deixar as lutas partidárias de fora das lutas pelos diretos da classe homossexual. “Eu não quero diminuir a carga de preconceito do atual governo, mas eu acho que muito desse preconceito vem pela questão da identificação dos LGBTs com a esquerda. Porque o presidente imagina que toda pessoa LGBT é de esquerda e como ele já não simpatiza muito com a classe, para mexer nos direitos já conseguidos é muito fácil”, diz.

“Eu acredito que a militância não está tendo essa inteligência de saber que ela tem que fazer uma militância voltada para as bases. Não é uma militância poítica partidária, é uma militância pró direitos e políticas públicas para essas pessoas. Quando a militância LGBT começa a fazer militância política partidária ela perde o seu objetivo original”, afirma a historiadora.
 
“Eu dificilmente passo por uma situação de preconceito, eu sou uma mulher trans, branca, com dois diplomas e de uma família conhecida. Eu vou no shopping e ninguém me persegue, não levo pedrada na rua. Eu poderia me fechar na minha redoma, mas eu tenho um comprometimento com aquela mulher trans ou com aquele homem trans, negro, pobre e que está tentando estudar e não consegue”, diz.
 
Monarquia
 
Astrid começou a se interessar pela monarquia aos 16 anos. “No dia do casamento da princesa Diana eu não fui para a aula, acordei cedo e fiquei acompanhando tudo pela televisão. Na época não tinha internet como tem hoje, eram só TV e revistas”, diz ela, que se encantou pelo universo do glamour, pelo protocolo e pelas questões políticas.

No regime de monarquia, os chefes de estado chegam ao poder por ordem hereditária, e não por meio de eleições. Os escolhidos assumem as funções independente dos interesses da população. A saída do cargo se dá por abdicação ou morte.

Ao completar 18 anos, Astrid decidiu viajar para Petrópolis (RJ) para conhecer a família imperial brasileira. Na ocasião, ela foi recebida pelo príncipe D. Pedro V. Carlos de Orleans e Bragança, chefe da Casa Imperial do Brasil e neto da princesa Isabel. Hoje, a professora mantém contato com alguns membros da realeza e se corresponde com eles através das redes sociais e até mesmo do WhatsApp. Ela reconhece que por ser uma mulher trans os grupos mais conservadores ainda existe preconceito.

Autora de diversos artigos sobre monarquia e realeza, Astrid sabe que o caminho para a representatividade é longo, já que não existem dados oficiais de reis, rainhas, príncipes ou princesas trans, mas que enquanto mulher trans e monarquista, ela se sente na obrigação de trazer o assunto para a nossa realidade e manter diálogo e construir pontes para “possíveis aliados” em todos os lugares.

Para as pessoas LGBT que queiram se aproximar na monarquia, ela dá uma dica: “Temos que seguir o que acreditamos. Acho que quem acha que a monarquia pode contribuir para a melhor lado Brasil, tem que assumir o posicionamento. É muito fácil nadar com a correnteza, se dizer de esquerda, por filosofia ou conveniência, quando todos já esperam isso de você. O duro é nadar contra a correnteza. Assumam e sejam felizes”.
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