"Não era assim que eu me imaginava aos 30", diz um dos personagens da comédia Vai Que Dá Certo, que alcançou 1 milhão de espectadores em apenas 10 dias em cartaz.. Também não era assim que Fábio Porchat, coautor e um dos protagonistas do filme, se imaginava nessa idade. Há uma década, abandonou a faculdade de administração para investir no humor. Hoje, prestes a completar 30 anos, o carioca conseguiu consagrar-se na carreira de humorista com um trabalho autoral na televisão, no cinema, no teatro e na produtora Porta dos Fundos, hit com vídeos de humor para a internet.
Em Vai Que Dá Certo, um grupo de amigos resolve assaltar uma transportadora de valores. No filme, além de ter a liberdade de criação que lhe é característica, Porchat reprisou outra constante de sua carreira: trabalhar com amigos. No elenco, estão os atores Bruno Mazzeo, Gregório Duvivier (que também faz parte do Porta dos Fundos), Lúcio Mauro Filho, Felipe Abib e Natália Lage — por quem teve uma paixão platônica na adolescência. Hoje, ele é casado com a atriz Patrícia Vazquez.
Porchat contraria a tese de que todo humorista é um civil mal-humorado. Diz acordar de bom humor quase todos os dias e gostar de dar risada tanto quanto de fazer rir. A primeira aparição pública como comediante foi aos 18 anos, quando esteve na plateia do Programa do Jô, na TV Globo, com a turma da faculdade. O estudante piadista, que já tinha feito teatro mas nunca havia pensado em ser ator profissional, convenceu o apresentador a lhe deixar fazer uma participação no programa. O show improvisado provocou gargalhadas. "Pensei: 'É isso que quero fazer da vida'." Pouco depois, largou a faculdade, mudou-se de São Paulo para o Rio de Janeiro e começou a escrever para programas de humor. Seguiram-se atuações em peças teatrais, espetáculos de comédia stand-up e em seriados como A Grande Família e Meu Passado Me Condena, que estreia a segunda temporada no canal pago Multishow ainda este ano.
O maior sucesso veio nos últimos meses, quando se juntou a outros amigos para dar mais vazão à veia criativa em vídeos para a internet. Os esquetes são um fenômeno de audiência que já soma milhões de acessos no YouTube. "Na internet, posso dizer o que quiser, o que é libertador", afirma. Os planos do grupo são transpor essa liberdade para o cinema e aumentar a produção de vídeos. O sucesso da empreitada, segundo Porchat, tem a ver com o fato de todos acreditarem no projeto. "Gosto tanto do que eu faço que nem parece trabalho", diz.