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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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feito à mão

Jornalista faz bonecas personalizadas e ensina técnica a mulheres de baixa renda

Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto

Boneco personalizado

Boneco personalizado

Tudo começa com o enchimento do corpinho. Depois disso, é preciso costurar o contorno à mão, escolher o tom dos olhos e dos cabelos, decidir se serão trançados, cacheados ou lisos. A roupinha é feita na máquina, e pode ser de chita ou de qualquer outro tecido. Com o tempo, a bonequinha personalizada feita por Aline Coelho vai tomando forma e se transformando e um objeto cheio de amor.

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Aline, 28, é jornalista formada pela Universidade Federal de Mato Grosso, mas é artesã há muito mais tempo. “Eu comecei a fazer artesanato ainda criança. Minha mãe e minha tia eram artesãs, e faziam o que era moda nos anos 90, que era o ponto cruz. Eu fui aprendendo de olho mesmo, porque elas não tinham muito tempo pra me ensinar”, lembra.

Do ponto cruz, ela passou para o ‘patch aplique’, quando começou efetivamente a ajudar a tia na confecção de enxovais de bebês. “Eu tinha uns 22, 23 anos, e minha tia começou a se profissionalizar e eu ajudei. Na época ela me ensinou muita coisa, mas eu também continuava aprendendo no olho”.


Exemplo de 'patch aplique' (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Foi em 2014 que as coisas começaram a mudar. Convidada para participar de uma feira de artesanato em Várzea Grande junto à tia, Aline encontrou uma senhora que lhe pediu para fazer uma boneca. “Ela me perguntou se eu fazia bonecas, e eu disse que não. Mas ela precisava de uma para a semana seguinte, e eu aceitei o desafio”.


Primeira boneca feita por Aline (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Frente ao pedido, Aline buscou na internet como fazer o contorno de uma boneca, e conseguiu produzir. A reação da cliente foi surpreendente. “Nós que mexemos com artesanato somos muito perfeccionistas. Às vezes parece clichê, mas é verdade. Eu não achei que a boneca estivesse boa, achei que poderia ter ficado melhor, mas como tinha um prazo - porque a cliente ia viajar - tive que entregar como estava. E ela amou. A reação é muito diferente de quando você faz um enxoval. A boneca tem algo mais íntimo, mais amoroso”.

Essa sensação provocada na cliente fez com que Aline não deixasse mais as bonecas. Com cursos online – que muitas vezes ela não conseguia acompanhar por completo – ela testou diversos modelos. Passou pela boneca japonesa (modelada), pela russa (sem boca), até que um colega lhe fez um pedido especial. “Ele queria que eu fizesse bonecos parecidos com seus netos, inspirados neles. E eu fiz... um, que gostava de futebol, com uma bola, o outro que gostava de computação... fiz também com determinada cor de pele, de cabelo, tudo inspirado”.


Boneca 'russa' (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

As bonecas personalizadas ganharam o coração da artesã, e fizeram com que ela profissionalizasse o trabalho. “Antes eu fazia uma boneca por ano. Depois desse pedido, percebi que poderia realmente ganhar dinheiro com isso”.

O apoio do marido, William, também foi fundamental para monetizar o negócio. “Eu tinha medo de cobrar, principalmente porque no início quem comprava eram pessoas próximas a mim. Mas meu marido, que é contador, me ajudou a fazer as contas para colocar um preço justo”.

Hoje, as bonecas personalizadas do ‘Ponto & Conto’ são vendidas por tamanho. As de 35 centímetros custam R$70, e as de um metro custam R$250. Todas são feitas sob encomenda e algumas já viajaram para fora do estado – como a boneca dançarina de Siriri que foi dada de presente ao ator Henri Castelli.

Conhecimento é empoderamento


Aline Coelho (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Desde que passou a vender artesanato na feirinha em Várzea Grande, Aline também decidiu ensinar suas técnicas a mulheres no Centro Popular Dorcelina Folador. Gratuitamente, ela ensina as alunas uma nova forma de conseguir renda.

“Quando eu comecei a dar aulas estava com outra cabeça. Mas este ano, quando voltei, até mesmo por causa dos estudos sobre o feminismo, percebi o quanto esse conhecimento poderia ser empoderador para essas mulheres”, afirma.

A ânsia das alunas por aprender a técnica também influenciou Aline a profissionalizar seu trabalho como artesã. “Eu via o quanto elas queriam aprender aquilo para ganhar dinheiro, e comecei a perceber que devia ter este pensamento também”.

Como o trabalho como bonequeira é um complemento de renda, Aline ainda trabalha como jornalista, e não pretende mudar. Para além da parte financeira, ela acredita que tudo isso deixa um legado. “Eu posso parar de fazer bonecas amanhã, mas ensinando essas mulheres eu vou saber que meu trabalho não foi em vão, que de alguma forma eu ajudei”, finaliza.

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