Mais de setenta mil pessoas fazem parte do grupo online “Aonde não ir em Cuiabá” no Facebook. Voltado para críticas a estabelecimentos, lojas e prestadores de serviços da capital mato-grossense, a ferramenta foi criada em agosto de 2013 por uma consumidora que, hoje, vive na África do Sul, mas ainda não abandonou a função de administradora das ‘discussões’.
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Safiya Beatriz Barbosa, 44, é uma jornalista campograndense que viveu em Cuiabá e, na época, decidiu criar o grupo para reclamar do rodízio de pizzas do restaurante Serra, no Shopping Goiabeiras. “Eu nunca imaginei que tivesse essa envergadura, nem que o grupo fosse ser o que é hoje”, contou ao
Olhar Conceito.
Segundo Safiya, que hoje é guia de turismo, ela conhecia um grupo em sua cidade natal que funcionava da mesma forma e, assim, foi fazendo as regras para a versão cuiabana. Dentre elas, por exemplo, está a proibição de propagandas, xingamentos, racismo, insultos, postagens falsas ou fora do contexto do grupo.
A administradora conta que nestes três anos foram muitos os problemas resolvidos a partir das reclamações. “Recentemente me lembro que o bar chuvisco colocou uma comanda porque não tinham como controlar o que o cliente bebia. E só fizeram isso depois que o grupo pressionou”.
No entanto, a resposta das empresas nem sempre é boa. Safiya lembra que o pior caso foi o de uma clínica veterinária envolvida na morte de um animal. O cliente reclamou no grupo, e o proprietário da clínica processou todos os administradores. No final, foi preciso fazer um acordo judicial.
“Ao invés de resolver o problema do cliente, a pessoa continuou agindo de ma fá. E continuou a agir da mesma maneira”, lamenta. Para Safyia, o profissional pode conseguir reverter a situação da crítica no grupo. “Se a empresa for suficientemente inteligente, ela capta aqui um consumidor descontente e o transforma em um consumidor feliz”.
No entanto, em grande parte das vezes eles não enxergam as críticas de forma boa. Assim, tanto Safiya quanto os outros administradores e moderadores (André Moura, Luiz Alves, Josiane e Neusa) recebem constantemente ameaças via inbox, além de xingamentos de proprietários raivosos.
Dentre as reclamações, ela explica que variam desde empresas que dão ‘balinha’ de troco, até as que desrespeitam o cliente, tem vendedores despreparados, e outros. “Empresa que vende salgadinho e destrói a festa do cliente não entregando no tempo prometido, restaurantes que não servem o que o cliente pediu no menu, lojas que querem superfaturar sobre o cliente, máfias dos taxistas revoltados com o uber, máfia dos camelôs revoltados com os clientes...”, lista.
Safiya Beatriz Barbosa, criadora do grupo (Foto: Arquivo Pessoal)
A administradora acredita que 99% das postagens são verdadeiras: “Obviamente existe as pessoas que agem de má fé. Elas existem, mas é um por cento. (...) Mas acho que as empresas e prestadores de serviços estão despertando pela forca do consumidor”.
Para evitar postagens falsas, os administradores do grupo tomam algumas medidas de segurança. O ‘Aonde não ir em Cuiabá’ é fechado, ou seja, para entrar é preciso pedir autorização aos moderadores. “Não aceitamos perfis fakes, sem foto, cada perfil é analisado. (...) Na conduta do grupo, não é permitido policiar a pessoa que fez a reclamação”, afirma. Segundo Safiya, os participantes podem reclamar até mesmo sobre o preço dos produtos.
Apesar de todos os problemas, ela garante que valeu a pena ter criado este canal de reclamações. “A gente acaba virando um meio de fiscalizar, ou então um norte para o cliente não ir naquele local problemático”, finaliza.
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Existe também uma versão ‘positiva’, o ‘Aonde ir em Cuiabá’. Conheça
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