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Colunas

Thomas Edison, Strauss, Jacildo e seus Rapazes

Raul Fortes

Alguém ainda se lembra das saudosas caixinhas de música? Aquelas em que dávamos corda e os sons eram ouvidos através de lâminas de aço tangidas por pinos fixados em um cilindro?

Máquina muito interessante que alegrou todos que ouviam aquele som mágico vindo de uma caixinha também considerada mágica. Algumas possuíam uma bailarina a adornar ainda mais estas caixas chamadas de “porta-joias”. 

Essas caixinhas de música, que eram tocadas a corda, marcaram uma época em que a humanidade queria produzir sons para o seu deleite. Mais tarde, talvez, cientistas como Thomas Edison partiram para criar aquele que seria a alegria de todos no início do século XX, o fonógrafo. Com esta máquina, Thomas Edison acabou por tornar viva a história da Música para o futuro, através de um cilindro girado por manivela, uma agulha que captava o som e o transferia para um cone. Esta invenção marcou o início do século XX. Tangos, maxixes, valsas, polcas e todas as músicas que a burguesia gostava de dançar. Enfim, talvez Thomaz Edison não imaginasse que essa máquina poderia ir tanto além de apenas gravar sons de vozes para possíveis cartas comerciais como ele previu.

No Brasil, essas máquinas se difundiram e com a chegada dos pesados discos de baquelite, contendo uma faixa musical de cada lado, o panorama sonoro desta época se modificou. O disco mágico de 78 rotações começava a trazer a música maravilhosa gravada em lugares muitas vezes distantes, por músicos corajosos que tinham que tocar com absoluta precisão. Era de ouro das rádios e seus artistas cativando a todos com suas vozes e grandes orquestras.

Com o aperfeiçoamento da máquina, com velocidades mais lentas, com 45 e em seguida 33 rotações, o número de faixas musicais aumentaram, e então, com a chegada do vinil, bem mais leve, flexível e de custo mais acessível, as gravadoras começaram a difundir pelo país os trabalhos que marcaram época. Citamos aqui, dentre outros, a Valsa de Strauss com a orquestra de Andre Kostelanetz pela gravadora Colúmbia, Carlos Ramirez com sua orquestra através da RCA, Victor, Cascatinha e Inhana com sua eterna Índia em 1967 e grande vozes como Ataulfo Alves, Vicente Celestino e Francisco Alves. 

Para trazer o vinil para as terras pantaneiras, nossos músicos mato-grossenses imortalizaram trabalhos fantásticos. Como exemplo, citamos Benjamim Ribeiro com o seu compacto “Relembrando Rasqueados Cuiabanos”, o também compacto de Juarez Silva com participação de Hermeto Pascoal no Quarteto do meu amado avô China, “Jacildo e seus Rapazes” com o LP inigualável e histórico “Lenha – Brasa e Bronca” pela gravadora Califórnia. Deste último, podemos citar sua formação: Jacildo de Jesus na guitarra solo, João Bolinha no sax tenor, Juarez Silva como cantor, Neurozito como guitarra base, Elio Japonescomo baixo e o baterista Lowny Formiga. Bons tempos em que o Sayonara e o Tabaris agregavam grandes músicos para alegrar as noites cuiabanas.

Mas isso é uma outra história!

*Raul Fortes é músico educador e apresentador.
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