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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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A idade chega, o juízo nem sempre vem junto…

Arquivo Pessoal

Eu seria leviana se afirmasse que todo mundo tem uma queda por alguma coisa material, mas palpito que boa parcela da população tem suas preferências de consumo. Eu não tenho uma, tenho algumas e entre elas o relógio faz com que meus olhos brilhem e meu coração acelere como um carro de formula 1.
 
A idade chega, nem sempre o juízo vem junto, e no caso da pessoa que aqui vos fala, em algumas coisas hoje eu tenho mais critério do que tinha antes. Já não consumo com tanta voracidade, nem me perturbo por não poder adquirir isso ou aquilo, por que aqui entre nós, é comum nos perturbarmos sempre com futilidade do que com o que de fato é necessário. Quando se fala em consumir supérfluo, há situações que nos coloca em verdadeiro perigo, uma delas é dar voltinhas no shopping, olhar vitrines à toa. Isso não é de Deus não. Quanta necessidade desnecessária inventamos para comprar
 
Dia desses eu caí em uma arapuca, dessas que a gente mesmo coloca para estrangular nossa conta bancária e sequestrar nossa paz até vencer as tais dez parcelas. Depois de uma passadinha pelos corredores do shopping voltei para casa com mais um relógio. Antigamente eu levava uns dias para me arrepender, hoje a ficha da asneira que fiz cai mais rápido. Assim que entrei na garagem do prédio já comecei a sentir os primeiros sintomas de arrependimento e a hora que coloquei os pés em casa a vontade era de voltar na loja e devolver o dito cujo. Só não fiz porque ficaria com muita vergonha e na mesma hora me veio uma frase que meu pai sempre dizia para mim e meus irmãos: “pensem muito bem antes de tomarem uma decisão, depois de feito doa o quanto doer assuma”. Papai nos criou com bastante rigidez e graças a Deus que foi assim. Com toda essa severidade eu ainda tropeço, calcula se tivesse sido educada com laços mais soltos. Com isso, engoli o sapo que eu mesma empurrei goela abaixo e fui digerindo conforme iam caindo as parcelas no cartão.
 
O que será que acontece com a gente que ignoramos a prudência e metemos os pés pelas mãos? Eu penso que isso acontece não porque desejamos de verdade o objeto da nossa busca, mas porque temos uma necessidade muitas vezes inconsciente de sermos aceitos. Queremos através dos objetos nos mostrarem vencedores, felizes, para nos sentirmos acolhidos pelos nossos semelhantes. Amiúde, essa necessidade é o que move as nossas escolhas e buscas, sem que tenhamos ciência disso. Quantas pessoas conhecemos que escolhem uma profissão para agradar os pais? Ou que começam a beber e fumar para sentirem-se bem vistos pelo grupo? Eu fumei por vinte e um anos e quando comecei, o motivo foi me sentir adequada a panelinha que eu frequentava. Quantos aceitam uma oferta de trabalho não por sentirem afinidade com ela, mas porque ela lhes dá status e contenta seus familiares?
 
O anseio pela aceitação interfere o tempo todo em nossas vidas, das pequenas as grandes decisões. A sede de aceitação vem desde cedo em nossas vidas. Inicialmente desejamos a aceitação dos nossos pais, depois familiares, amigos, colegas de trabalho, pelo chefe e pela sociedade em geral. Inconscientemente avistamos essa aceitação superficial, de aparências, focada somente no que adquirimos ou conquistamos. Embora saibamos que isso esta distante de ser verdade, na prática, reiteramos os mesmos erros. E o que fazer para evitar recorrentes escorregões? Conhecer-nos, descobrirmos o que de fato nos move, levarmos mais a sério o nosso propósito de vida, desenvolver o auto-amor é uma boa pedida. Fomos criados para sermos felizes e nada mais, de preferência a qualquer preço, mas será que conseguiremos ser felizes, sem sabermos ao certo o que de fato viemos fazer aqui neste mundo de meu Deus? Penso que a avidez por ser aceito tem uma forte ligação com a dificuldade que temos de saber quem somos e não aceitar o que pensamos ser.
 
*Isolda Risso é Personal & Professional Coaching Executive, Xtreme Life Coaching, Neurociência no Processo de Coaching, Programação Neurolinguística (PNL) pedagoga por formação, cronista, retratista do cotidiano, empresária, Idealizadora do Café Com Afeto, mãe, aprendiz da vida, viajante no tempo, um Ser em permanente evolução. Uma de suas fontes prediletas é a Arte. Desde muito cedo Isolda busca nos livros e na Filosofia um meio de entender a si, como forma de poder sentir-se mais à vontade na própria pele. Ela acredita que o Ser humano traz amarras milenares nas células e só por meio do conhecimento, iniciando pelo autoconhecimento

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