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Sábado, 20 de abril de 2024

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O prazer de comer: as recompensas do cérebro pela boa alimentação

Recentes pesquisas da área de neurofisiologia demonstraram a existência de uma região do cérebro humano que foi denominada de centro da recompensa. Esta região quando estimulada é inundada por uma substância chamada dopamina.

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Através deste fenômeno biológico é gerada a sensação de prazer em resposta a experiências de superação como se sair bem na prática de esportes radicais, em uma prova de concurso ou escolar, vencer uma competição esportiva, ou ao concluir uma obra de arte dentre outras.

Mas o que mais chama atenção nestas pesquisas é que as concentrações basais (normais) de dopamina no centro da recompensa se elevam, em média, a 150% durante as refeições. Este marco supera em muito as concentrações resultantes das experiências de superação anteriormente citadas, ou seja, comer se constitui em uma das mais prazerosas experiências naturais dos humanos.

As concentrações de dopamina resultante da conexão entre a boca e o centro da recompensa variam dependendo da qualidade dos estímulos gustativos, olfativos, visuais e táteis proporcionada pelo alimento que está sendo ingerido. Isto talvez explique a “vocação gourmet” humana e seu hábito de modificar o sabor dos alimentos ao contrário do observado entre os demais animais que os consomem somente in natura. Inconscientemente e instintivamente ao cozer ou aromatizar e acrescentar sabores ao seus alimentos nossos antepassados buscavam somente aumentar o prazer proporcionado pela alimentação.

Acredita-se que a primeira experiência feita no sentido de aumentar o prazer proporcionado pela alimentação realizado pelas civilizações que nos antecederam foi levar os alimentos ao fogo o que, certamente, ocorreu imediatamente após seu domínio. A segunda provavelmente foi o uso do sal. Por esta ótica é possível concluir que nada é mais primitivo na transformação do sabor de um alimento em busca do prazer que o nosso tradicional churrasco.

A saga humana na busca de amplificar o prazer de comer não para no fogo e no sal. Seguiram-se um sem número de ervas descobertas através da tentativa erro/acerto e que constitui o nosso atual arsenal culinário como o alho, cebola, salsa, etc. Apesar de toda evolução humana a sua “vocação gourmet” foi preservada até os dias atuais.

Instintivamente ela se manifesta todas as vezes que os humanos contemporâneos param diante da seção de condimentos, ervas e especiarias dos supermercados em busca de novos sabores. Porem, com as atuais facilidades de transporte e conservação destes ingredientes culinários, eles tem sua variedade multiplicada continuamente nas prateleiras de supermercados o que gera certa dificuldade na hora da escolha daquele que mais se adéqua a proposta culinária pretendida pelo consumidor. 
                                                                                                                                                                              Reprodução/Ilustrativa


Deixando claro ao leitor a existência de uma conexão direta entre o que é posto à mesa e a sensação de prazer inauguramos a nossa colaboração nesta coluna. Com o intuito de orientar na escolha das ervas, especiarias e condimentos que mais se adéquam ao alimento a ser elaborado, em nossos próximos contatos destacaremos as diferenças entre ervas aromáticas, especiarias e condimentos e posteriormente revelaremos ao leitor alguns dos segredos no uso de cada um destes amplificadores de sabor e, consequentemente do prazer de comer. Até lá.

*Carlos Alberto Balbino é Formado pela Scuola di Cucina, Cultura ed Enologia Delle Regione D’Italia do ITALIAN CULINARY INTITUTE FOR FOREIGNERS –ICIF e Universidade de Caxias do Sul. Mestre em Fisiologia – USP e Chef Executivo do Restaurante Di Pietro

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