Olhar Conceito

Domingo, 28 de abril de 2024

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de cuiabá para o chile

Fotógrafo alia arte ao fotojornalismo em cobertura de protestos

Foto: Lucas Ninno

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Sair do Brasil para se arriscar no Chile, em punhos apenas a câmera fotográfica. Com esta missão de reproduzir o seu olhar artístico, Lucas Ninno saiu de Cuiabá, Mato Grosso, para Santiago, capital do Chile. Na batalha pelo melhor clique, Ninno que também fez jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) inicia mais um desafio: aliar arte com a reportagem fotográfica. Agora, Ninno enfrenta o fotojornalismo diário pela United Press International, e divide com o Olhar Conceito, um pouco do que é o turbilhão da reportagem, principalmente, em meio aos protestos que ocorrem no país.

Em meio à efervescência internacional, que protestos mobilizam grande parte da sociedade, a exemplo do que acontece no Brasil, o Chile também vivencia momentos de tensão. No dia 11 de setembro, o Chile foi marcado por protestos em todo o país, mas que já são tradicionais, pois, lembram os 40 anos do golpe de Estado que instaurou uma ditadura de direita de Augusto Pinochet, que depôs o então presidente socialista, Salvador Allende, encontrado morto no Palácio de La Moneda, após o golpe.

Além disto, outros protestos seguem ocorrendo no país, em que pedem mudanças no sistema educacional implantado por Pinochet. Os protestos foram iniciados há dois anos, e exigem educação pública, gratuita e similar à oferecida pelo governo de Allende.

Ninno conta que entre as reviravoltas de sua nova vida, em uma última tentativa, visitou agências e foi recebido pela United Press Internacional (UPI), e apresentou o seu material. O editor o contactou e Ninno começou a trabalhar regularmente para a agência. “Agência de notícia é outra história. É muito novo pra mim, estou me sentindo novato mesmo. Você trabalha sob pressão e tem que arregaçar na pauta em 20 minutos. Mas, a UPI está sendo uma grande escola, e os editores são dedicados para ensinar gente nova", contou.

Até então sem portfólio de fotojornalismo diário, Ninno inicia em seu percurso fotográfico, mais uma experiência para enriquecer o seu olhar crítico. “O fotojornalismo é muito desafiante. O que mais me instiga é estar presente em momentos históricos. Os protestos estudantis que cobri, foram muito intensos, e é algo que vai marcar esse período da história do Chile”, revelou.

O fotógrafo descreve a experiência de cobrir protestos como “enlouquecedora”. “A polícia pode te bater, é pedra, jato d’água e gás lacrimogêneo para todos os lados, e você lá, tentando buscar a melhor foto, que nem sempre vem”, afirmou.

E em meio a este turbilhão, Ninno responde como consegue pensar e projetar a foto para registrar o momento e representar o contexto. “O que você precisa, no caso dos protestos, é experiência cobrindo esse tipo de evento: equipamento adequado, boas estratégias e poder de decisão. Primeiro, não tem como cobrir o protesto sem capacete e máscara de gás. Sem isso, você não consegue chegar perto das melhores cenas. A experiência entra em jogo na hora de saber quem é quem ali dentro, pois, tem manifestantes que apoiam a imprensa e outros não, bem como os policiais”, explicou.

Coquetéis molotov, gás lacrimogêneo, spray de pimenta, são alguns dos empecilhos na hora de registrar o momento. Mas, Ninno ressalta que a melhor foto é aquela que consegue narrar o que aconteceu. “A melhor foto faz pensar, diz algo a mais para o leitor, e sintetiza o sentimento geral daquele acontecimento. Todos nós buscamos isso. É a medalha de ouro do fotojornalismo. Mas, conseguir tirar essa foto são outros 500, é uma soma de fatores”, disse.

“Às vezes você tem que sair do ‘quebra-quebra’, e entender que apesar disso chamar muita atenção e ser o epicentro dos protestos, uma manifestação é mais que isso. A melhor foto pode estar longe do gás lacrimogêneo também”, esclareceu.

Para o fotógrafo, o maior desafio é trazer um material criativo. “A tendência é que a imprensa e a arte se misturem cada vez mais, e claro, levo minha parte autoral paralelamente a isto”.

Mas, os projetos também se estendem para Cuiabá, em que pretende expor a série sobre futebol de rua, fotografada aqui mesmo, durante a Copa do Mundo de 2014. “Vou começar a buscar parcerias pra transformar isso em exposição. A ideia é ocupar alguns espaços da cidade, e tentarei uma parceria com a iniciativa privada”, contou.

Confira aqui o vídeo do fotógrafo em cobertura dos protestos no Chile
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