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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Entre ‘bolsominions’ e ‘petralhas’: como evitar as brigas no Natal das famílias divididas

Foto: Reprodução

Entre ‘bolsominions’ e ‘petralhas’: como evitar as brigas no Natal das famílias divididas
O ano de 2018 foi marcado por brigas e discussões, tanto na internet quanto dentro das próprias casas. Muitos saíram dos grupos de WhatsApp, pararam de falar com amigos e entes queridos. Mas, agora, chega o Natal. Tempo de amor, harmonia, e... ceia com os familiares. Com os nervos à flor da pele, o que fazer para não transformar um jantar em uma verdadeira cena de guerra? O Olhar Conceito conversou com a psicóloga e coach de Cuiabá, Cristiane Bianchi, que deu algumas dicas para evitar os conflitos.

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Cristiane é formada em psicologia pela Universidade de Cuiabá (Unic), tem pós-graduação em gestão de pessoas também pela Unic, pós-graduação em dinâmica de grupos pela Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupos (SBDG), coach e mestrado em ciências odontológicas integradas.

Em primeiro lugar, segundo ela, é bom entender que o Natal não significa o mesmo para todas as pessoas. Enquanto algumas estão celebrando, outras podem não estar no mesmo clima, e tudo bem. Para Cristiane, a principal dica é se colocar no lugar do outro. “É mais fácil eu jogar as minhas frustrações, as minhas amarguras nos outros. Guardo durante um bom tempo algo que me magoou, não converso, não me curo, e quando me encontro com as pessoas que por algum motivo eu permiti me magoar acabam surgindo as brigas, os conflitos”, afirma.

Em anos ‘normais’, as principais questões que levam a brigas no Natal são aquelas relacionadas a mágoas e brigas antigas. A psicóloga exemplifica: “Tem uma metáfora que gosto bastante que fala que quando comemos algo e isso nos faz mal, tendemos a vomitar. Quando temos pessoas ao redor, elas podem sentir nojo, vomitar junto, se retirar do local, ou se for necessário limpar a sujeira. Quando estamos repletos de problemas em nossa vida, chega um momento que ao encontrar uma pessoa (às vezes ela não tem nada a ver com o que vem acontecendo, mas por ser a “última gota da panela de pressão”) acabamos vomitando (falando) tudo o que está preso dentro de nós, sem nos preocupar se machucaremos ou não o outro. E com isso, a pessoa que recebe o nosso vômito de palavras pode se afastar, vomitar também, sentir nojo, ou limpar a sujeira. O grande problema é que muitos pegam aquele vômito de palavras e engolem. Alguns até guardam em potinhos, e quando chega o momento de ver quem falou aquelas palavras para ele, dá algumas colheradas naquele vômito e aproveita para brigar, discutir, fazer o famoso ‘Não vou levar desaforo para casa’, e todos os anos as magoas veladas são expostas”.

Para evitar que isso aconteça, o principal é se conhecer, e saber o que te machuca. “O segundo é fazer uma limpeza nessas feridas, conversar com quem o está incomodando, compreender o porquê disso estar lhe machucando/incomodando, fazer uma avaliação do seu próprio comportamento, se colocar no lugar do outro (empatia), se permitir perdoar o outro e a si mesmo. Pois geramos expectativas em relação a nosso relacionamento com o outro, e quando as geramos corremos o risco de nos frustrar. Mas isso muitas vezes não é responsabilidade do outro, pois as expectativas são minhas, o outro não te obrigação de atendê-las. O perdão é para os dois lados, liberando o outro da “obrigação” em ter que atender a minha expectativa”.

Mas e a política?

Além de todos os problemas familiares – que todo mundo tem – o ano de 2018 será especialmente difícil, principalmente para aqueles que têm, na família, tanto ‘bolsominions’ quanto ‘petralhas’. Isso porque a questão central das discussões pode extrapolar as fronteiras de casa, e chegar aos ideais.

No podcast ‘Mamilos’, em seu episódio 165, chamado “Quem é o eleitor brasileiro?”, Cris Bartis e Juliana Wallauer, além dos convidados, falaram sobre este cenário. “Falamos sobre como estamos lidando com os espantalhos uns dos outros, e não conversando com os reais anseios, preocupações e valores uns dos outros. Falamos sobre como o cenário se assemelha a uma briga de casal, em que todos gritam, ninguém escuta, e em que os assuntos debatidos no fundo são uma cortina de fumaça para encobrir os temas que realmente importam e parecem grandes, complexos e doloridos demais para se abordar”, diz a descrição.

No episódio, elas lembraram que nem todo ‘petralha’ é um ‘apoiador de ladrão e da corrupção’, e nem todo ‘bolsominion’ é um ‘fascista, machista e homofóbico’. Para evitar os conflitos, segundo Cristiane Bianchi, também é preciso lembrar-se disso.

“Quando me coloco no lugar do outro, cuido de como ele irá receber nossa fala, e faço isso com amor, tendo a não machucá-lo. Harry Palmer tem uma frase de empatia que acho maravilhosa: ‘Assim como eu, esta pessoa também esta buscando uma felicidade para sua vida. Assim como eu, esta pessoa esta tentando evitar o sofrimento. Assim como eu, esta pessoa tem conhecido tristeza, solidão e preocupação. Assim como eu, esta pessoa esta buscando satisfazer suas necessidades. Assim como eu, esta pessoa esta aprendendo sobre a vida’”.

Além disso, é necessário pensar se vale a pena entrar na discussão. “Colocar os sentimentos, buscar o amadurecimento de si e do outro, fazer uma avaliação do seu próprio comportamento, se colocar no lugar do outro (empatia). E se possível, comunicar o incômodo para evitar as mágoas veladas”, completa a psicóloga. “Podemos falar o que pensamos desde que com um jeito certo, colocando-se no lugar do outro, escolhendo as palavras certas, o momento certo, a forma certa, cuidando com o sentimento do outro. Como dizia Aristóteles: ‘Qualquer um pode zangar-se - isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa - não é fácil”.

E se não tiver jeito?

Mas, vamos lá. Supondo que você usou toda sua paciência para evitar o conflito, mas
não foi possível. O que fazer? Para evitar que ele cresça e se transforme numa situação ainda mais desagradável, é interessante se retirar do local. “Buscar entender o que te machucou, qual problema surgiu ali, tentar acalmar as emoções, se retirar do local, reconhecer que está errado, não jogar as coisas na cara do outro” são algumas das sugestões de Cristiane.

Por fim, se você estiver de ‘espectador’ de toda a confusão, também pode ajudar: “A pessoa de fora estará mais calma e terá mais discernimento para compreender o que está acontecendo. Mas tentar interferir dependerá muito do calor do momento. O ideal seria tentar chamar a atenção de uma das pessoas para outra situação, para assim ajudar a diminuir o fervor do momento e depois conversarem”.

Então, já sabe: se alguém puxar o assunto do triplex do Guarujá ou do Fabrício Queiroz, é só lembrar o clássico: ‘E o peru, já está pronto?’.
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