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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Crianças venezuelanas participam da abertura do projeto “O que queremos para o mundo?” em Cuiabá

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Crianças venezuelanas participam da abertura do projeto “O que queremos para o mundo?” em Cuiabá
Nove crianças venezuelanas e uma colombiana participaram, na manhã desta segunda-feira (15), da inauguração da instalação ‘O que queremos para o mundo?’, montada na Galeria Lavapés, em Cuiabá. O projeto, idealizado pelo educador audiovisual Igor Amin e apoiado pela Energisa por meio da Lei Rouanet, fica na cidade até o dia 26 de outubro, e deve receber grupos de quinze escolas públicas da capital.

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“O projeto existe desde 2014 e é uma pergunta: o que você quer para o mundo?”, explica o idealizador. “Ao invés de a gente, como cineastas, como produtores audiovisuais, ou como artistas multimídia produzir o conteúdo pras crianças, a gente ouve primeiro elas, pra saber o que elas querem paro o mundo, e a partir disso a gente produz esses conteúdos. O objetivo do projeto é que, ao responder essa pergunta, a criança passe a entender quem ela é, o que ela gosta, quais são os seus valores, qual é a sua identidade. E a partir disso, ela pode construir algo para o mundo que quer”.

Igor (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Para alcançar estes objetivos, foi criado um Estúdio Casa da Árvore, que já viajou por todo o Brasil e pelo mundo antes de chegar a Mato Grosso. “O estúdio é um espaço onde você pode criar, inventar o que você quer pro mundo. Então a partir dessa invenção do que querem para o mundo, as crianças transformam essas ideias num filme imaginário. Esse filme imaginário é encenado no estúdio. É um estúdio de cinema mesmo, onde elas podem expressar o que elas querem para o mundo a partir desse estímulo que elas recebem”.

Estúdio Casa da Árvore (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Antes de criar este filme, as crianças participantes jogam um jogo chamado ‘Jogo dos Mundos’, “uma brincadeira audiovisual, onde os jogadores são desafiados a agir em cenários socioambientais e tecnológicos do mundo em que vivemos, os quais constituirão suas missões no jogo”, explica o site do projeto. É ao final deste jogo que as crianças escrevem o ‘Mnifesto do Mundo que Queremos’, e a partir deste manifesto, criam um vídeo que é transmitido ao vivo no estúdio e também veiculado nas redes sociais e no aplicativo do jogo, que pode ser baixado para que a brincadeira continue também na escola.

Segundo Igor, as atividades, no entanto, não se resumem à exposição. “Ano passado a gente veio pra Cuiabá e deu uma formação pra educadores. A gente exibiu nosso longa metragem para centenas de crianças, e a convite da Energisa a gente voltou este ano para realizar a exposição junto com todo esse contexto de multiplicadores. Porque são educadores que passam pela nossa formação, e a partir disso eles levam para a escola essa linguagem audiovisual, e no final do encontro eles vêm aqui para jogar o jogo, num momento que é o clímax do filme deles”. Para finalizar as atividades no estado, no final de 2018 o projeto realiza, ainda, um ‘Fórum de Educação Audiovisual e Economia Criativa’, para compartilhar os resultados do projeto e ampliar a discussão.

Além das crianças refugiadas, nesta manhã participaram da dinâmica outras convidadas. Pelas duas próximas semanas, alunos de quinze escolas públicas da capital visitam o espaço, com horário marcado.

Crianças refugiadas (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Para Eliana Vitalino, coordenadora da Casa do Migrante, a ida das crianças refugiadas ao projeto é importante para integrá-las e tirá-las da rotina de sofrimento. “Essas crianças já sofreram demais, já viram coisas que a gente nem imagina. Inclusive de pessoas da família com extrema necessidade, e eles mesmos. Eles já passaram por coisas demais. Então esse momento de alegria parece que renova, recria. É difícil tentar perceber o que se passa por trás desses olhos”, disse.

Eliana (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

“Achei interessante porque seria dar a oportunidade deles se integrarem aqui em Cuiabá, fazer o que a criança aqui faz também. Tem que sair um pouco daquela rotina de dificuldade, porque o único ambiente que eles frequentam, agora, que é de alegria, é a escola. Eles passaram por uma fase de abrigamento, que é muito difícil até pra adultos, quanto mais pra uma criança, que tem que ver uma série de situações que ela nem compreende”, completou.

O secretário de estado de cultura, Gilberto Nasser, também esteve presente na abertura, e reafirmou a importância da Economia Criativa. “A Economia Criativa, hoje, está realmente trazendo uma nova visão do que é cultura, interagindo com a sociedade de uma maneira totalmente diferente, uma linguagem que está sendo muito útil e está gerando muitos bons frutos. Hoje nós estamos aqui com a gurizada, a propósito do Dia da Criança, com ‘o que eu quero para o mundo’, recriando num espaço cenográfico a casa da árvore, baseado nesse longa metragem do Igor de 2016. E o que a gente quer aqui é observar como as crianças vão se comportar diante de tudo isso, porque a grande proposta é de um mundo sustentável, de um mundo onde nós não estraguemos mais a natureza maravilhosa que nós temos. E como eu digo, muitas gerações já estão perdidas, agora, a gente tem que trabalhar com essas crianças. Por isso que eu acho que o projeto é forte, vem com um vetor consciente que é trabalhar nesses pequenos uma nova conscientização, e ver como eles vão encarar o mundo a partir de hoje. Então por isso a grande pergunta da manhã hoje é essa: o que eu quero para o mundo?”.

Secretário de cultura (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Nestes quatro anos, o projeto já visitou diversas cidades do Brasil e do mundo, e Igor guarda na memória momentos marcantes. “Teve o caso de uma criança que era adotada, com seis anos, que tinha passado por uma situação muito e infelizmente passou por situações de violência na família. A gente foi gravar na escola dela, e ela disse pra nós que o que ela queria pro mundo era que não existisse mais violência. Então a gente percebe que, às vezes é uma simples palavra, mas de certa forma aquela criança carrega todo um histórico... A gente foi também para a África, e fez um trabalho com crianças angolanas que são dançarinas de Kuduro. Essas crianças, que têm em torno de sete anos, jogaram o jogo dos mundos, filmaram com a claquetocâmera imaginária, que é nossa câmera que filma a imaginação, e quando eu perguntei pra elas o que elas queriam para o mudo elas falaram: a gente quer liberdade. E essa liberdade, a gente ouvir de crianças em Angola, que passaram recentemente pela independência do país... é muito legal, porque são palavras de poder que elas respondem. E se a gente tiver um olhar e uma escuta bem atenta, a gente entende o que elas querem comunicar”, finaliza.




Trailer do filme de Igor, homônimo ao projeto 
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